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terça-feira, 22 de maio de 2018

Alta da gasolina: Petrobrás não é a única culpada


Política tributária do governo e falta de fiscalização nos postos de combustíveis repercutem no elevado preço


O aumento no preço dos combustíveis tem acompanhado a variação do petróleo no mercado externo, posição adotada pela Petrobrás desde 2017, sob a presidência de Pedro Parente. Essa medida, fez com que a empresa voltasse a reportar bons resultados, trazendo o valor da ação de volta à região dos R$25,00. 

Apesar de benéfica para a empresa, essa medida fez com que a gasolina aumentasse substancialmente nos postos, enfurecendo os consumidores. Mesmo o preço da gasolina aumentando 17,96% nos últimos 12 meses, durante esse período, em algumas ocasiões, o petróleo oscilou para baixo, o que fez a Petrobrás também reduzir o valor cobrado das distribuidoras. Entretanto, o litro não desvalorizou nos postos de gasolina.

Segundo o operador da WM Manhattan (mesa proprietária que atua no mercado de renda variável e ensina investidores a atuarem na bolsa de valores), Rafael Mendes é importante ressaltar que a Petrobrás não influencia os preços cobrados pelos postos.

Em relação a questão tributária, Rafael explica que do preço da gasolina, 43% são impostos. Entre 25% e 34% são cobrados pelos estados via ICMS; R$0,7925/litro são cobrados pela União a título de PIS/COFINS; R$0,1/litro cobrado pela União através da CIDE. “Sendo assim, o governo fica com uma boa fatia na composição do preço” finaliza. 

A escalada de preços da gasolina nos últimos 12 meses já reflete em 0,8% no Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), o que encareceu toda cadeia de produtos e serviços. “Caso o petróleo atinja a marca de U$90,00/barril e o câmbio siga se valorizando e chegue aos R$3,80, o litro da gasolina pode chegar a R$5,10 de acordo com estudo divulgado pela consultoria Tendências” estima Rafael. 

No cenário externo, o preço do petróleo tem se valorizado muito em função da retirada dos EUA do acordo do Irã, o que reduz a oferta de petróleo no mercado. O CEO da WM Manhattan, Pedro Henrique Rabelo aponta que outro motivo para a redução na oferta é a crise da Venezuela PDVSA que já reduziu em mais de 40% seus níveis de produção. 

Dessa forma, a Petrobrás não é a única culpada dessa escalada de preços. O repasse do valor da commodity aos distribuidores é algo natural e saudável para o bom desempenho da empresa. 

“Seria necessário que o governo revisse sua política tributária sobre o produto e fiscalizasse os postos de gasolina, muitas vezes envolvidos em práticas de cartel”, orienta Pedro.

O consumidor, infelizmente, fica de mãos atadas nessa história, pagando o preço da desorganização do setor de energia do país. Enquanto na Venezuela o litro da gasolina custa R$1,59; nos EUA, R$1,71; o Brasil paga R$4,75.


Entenda

Durante o governo Dilma, não havia uma vinculação direta entre os preços praticados pela Petrobrás e o valor do petróleo no mercado externo. Assim, por vezes, o valor da gasolina era definido pelo governo federal a fim de conter os níveis de inflação. Essa ingerência governamental sobre a estatal fez com que seu valor de mercado despencasse na bolsa de valores, chegando a custar R$4,00 em meados de 2015. Afinal, para continuar abastecendo o mercado interno aos preços arbitrados pelo governo, a empresa acabava incorrendo em prejuízos que se refletiam em seus balanços.


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