O Brasil
tem uma pequena participação no comércio internacional, bem abaixo de sua
dimensão como país em desenvolvimento.
Padecemos pela falta de agressividade da diplomacia brasileira nas organizações internacionais (OMC e outras), de sequelas da visão “nacionalista” que nos levou ao isolamento, e de ação empresarial mais articulada que busque estabelecer relações de médio e longo prazo.
Alias, mais
do que isto, carecemos de um Projeto Nacional que contemple uma visão de como
deve ser nossa inserção internacional, que defina por exemplo quais serão os
setores em que, tendo vantagens competitivas e comparativas, possamos ter um
protagonismo mundial e daí definirmos uma inserção no comércio mundial.
De qualquer
forma, a exportação brasileira ganhou uma janela de grande oportunidade quando
China e Estados Unidos travam uma acirrada guerra comercial, que inclui listas
de produtos que serão tarifados, declarações acaloradas e desvalorização
cambial chinesa como arma.
Trump
anunciou em 22 de março que seu governo iria impor tarifas, que somariam US$ 50
bilhões, sobre produtos chineses. A intenção é punir a China que “se apropriou
incorretamente de propriedade intelectual norte-americana” – o que o governo
chinês nega.
Trump na
realidade busca reverter o colossal déficit comercial dos Estados Unidos com a
China, de US$ 375,2 bilhões em 2017, e assim aciona suas medidas
protecionistas. Em resposta, o país asiático elevou, em até 25%, as tarifas
sobre 128 produtos norte-americanos, que vão desde a carne suína congelada e
vinho a certas frutas e nozes.
Tomara que
as duas maiores potências mundiais se entendam e garantam o equilíbrio
econômico mundial. Mas enquanto este entendimento não chega, é hora de
mostrarmos nossa capacidade competitiva e ampliar nossas exportações, nossa
participação no comércio internacional.
O Brasil
pode ampliar a exportação de comodities, de produtos como algodão, milho e
soja. No caso da soja vendida para a China, a demanda deve ser ainda maior com
a quebra de safra de outro importante fornecedor do grão, a Argentina, os
preços assim estão mais compensadores.
A soja é o
principal produto da nossa pauta de exportação, este ano devemos exportar US$
28,8 bilhões de dólares, ante US$ 25,7 bilhões no ano passado. Os chineses
compraram cerca de 54 milhões de toneladas de soja brasileira de um total de 68
milhões que o Brasil exportou em 2017. A China é o principal destino das
exportações de soja do Brasil, quase 80%.
Ao todo, os
chineses compraram mais de 95,5 milhões de toneladas de todas as origens em
2017. É um número que o Brasil não tem como suprir por completo, mas poderá ter
uma participação ainda maior.
A produção
de soja do Brasil em 2018 deve atingir um recorde de 117,4 milhões de
toneladas, permitindo ao País embarcar neste ano o maior volume da commodity em
toda a história. A nova previsão supera tanto as 114,7 milhões consideradas em
março quanto as quase 114 milhões do ano passado, como mostram dados da
Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove).
Com o
aumento da safra, os embarques foram estimados em 70,4 milhões de toneladas,
superando a previsão anterior (68 milhões) e o recorde do ano passado, de 68,15
milhões. É o reflexo da janela que se abriu com a Argentina sendo menos
agressiva, e os preços melhores, com o fortalecimento do mercado de prêmio da soja
brasileira sobre a cotação de Chicago.
No caso do milho, também houve reajustes positivos
tanto para a primeira safra, já em colheita e que também tem apresentado
rendimentos satisfatórios, quanto para a segunda safra, cujo plantio foi
concluído recentemente e deve alcançar 11,54 milhões de hectares, acima dos
11,39 milhões de março e perto dos 12,1 milhões de 2016/17.
Em um momento comercialmente tão oportuno, é
preciso que o Brasil se fortaleça como o grande fornecedor de alimentos, fibras
e energia que é.
Arnaldo Jardim - deputado federal PPS/SP
Site: www.arnaldojardim.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário