Entenda
o valor de reconhecer os feitos dos outros, principalmente nas relações entre
cônjuges, pais e filhos e professores e alunos
Em
muitas situações da vida, seja no trabalho, entre a família ou até com nós
mesmos, parece muito mais fácil enxergar falhas e apontar erros, e com
frequência estamos pontuando aquilo que deve ser mudado e melhorado. De fato,
todos têm pontos a serem aprimorados, mas, segundo o Professor e Doutor Rabino
Samy Pinto, as críticas em excesso geram desencorajamento e outros sentimentos
negativos. “Nós, seres humanos, somos motivados pelo que ouvimos. Assim, um
elogio pode gerar entusiasmo, porém, ao receber uma crítica, o resultado é o
desânimo”, afirma.
O
incentivo em forma de elogio pode mudar a vida de uma pessoa, como determinar
quais caminhos ela se sente mais segura em seguir para realizar suas aptidões
no mundo. “O elogio é como uma mágica. Quando os pais elogiam seus filhos,
estes podem se sentir confiantes para se tornarem o que realmente desejam. O
elogio de um desenho pode transformar alguém em um pintor, por exemplo. Já o
excesso de críticas surte um efeito tão negativo que costuma levar pais jovens
e crianças em busca de terapia”, comenta.
O
Prof. Dr. Rabino Samy comenta que há, basicamente, três motivos pelos quais a
comunicação entre as pessoas gera frustração e desânimo. Vamos a eles:
EXCESSO
DE CRÍTICAS
Pesquisas
feitas nos EUA revelam que mais de 90% das comunicações conjugais seguem um tom
mais crítico e de reprovação. Este dado alerta para um padrão de comportamento
prejudicial aos relacionamentos. “Praticamente, há críticas em quase todas as
conversas dos casais. O ambiente familiar não tem como se beneficiar de tantos
diálogos desencorajadores, que geram mágoas e ressentimentos. É como estar
frequentemente ativando o que há de pior um no outro”, revela.
Isso
não quer dizer que, em uma conversa, os casais não possam demonstrar desacordo
com os atos do outro. “Reflita antes de apontar um erro. Não é preciso assumir
uma postura agressiva e de ataque para ser sincero e dizer o que pensa. Procure
falar o que aquele ato do outro provoca em você, como se sente e que gostaria
que isso fosse levado em consideração na próxima vez”, explica Samy.
CULPABILIDADE
“Na
relação entre pais e filhos é comum que a conduta diária seja de
culpabilização, ao invés de responsabilização pelos atos cometidos. Porém, o
sentimento de culpa incita sofrimento e traz consequências negativas para a
autoestima”, diz Samy. Ainda segundo o rabino, a culpa por si só não corrige
erros e os próximos atos só podem ser diferentes se houver uma atitude positiva
diante do feito, tanto por parte dos pais como dos filhos. “É preciso ensinar
como é importante se responsabilizar pelo ocorrido e se comprometer a mudar,
transformando assim a situação em um aprendizado, sem dramas”,
afirma.
Transformar
a culpa em responsabilidade pode fazer toda a diferença diante de um erro a ser
corrigido. Para o rabino Samy, “a responsabilidade é capaz de empoderar uma
pessoa, mesmo que ela tenha cometido um erro. Ela se sente dona dos seus atos,
colocando-se como aquele que pode errar, já que todo mundo erra, mas também
como aquele que pode reparar suas ações e acertar. ‘Eu sou responsável’ soa
muito melhor do que ‘Eu sou culpado’”.
DESENCORAJAMENTO
Elogios,
assim como a falta deles, também geram consequências significativas na relação
entre professores e alunos. “Muitas grandes ideias dos nossos filhos são
desencorajadas e classificadas como fantasiosas e utópicas nas escolas. Essa
situação pode talhar grandes sonhos ao minar a autoestima do jovem”, afirma o
Prof. Dr. Rabino Samy Pinto.
Assim,
a comunicação nas escolas precisa ser de encorajamento, reconhecendo e
reforçando a qualidade dos alunos, mostrando que é possível trabalhar em
conjunto e vencer as adversidades. É importante elogiar o bom desempenho
e manter um exemplo positivo diante de erros e dificuldades para, assim, criar
um ambiente de apoio. As pessoas devem acreditar em seus sonhos e, se houver
erros no caminho, eles valerão como aprendizado”.
No
final das contas, a força de um elogio é imensa e traz resultados
extraordinários tanto para as relações matrimoniais como para as parentais,
para as relações de trabalho e também entre professores e alunos. “Todos nós
erramos e, muitas vezes, são os erros que nos ajudam a adquirir experiência na
vida”, finaliza Samy.
Rabino Samy Pinto - formado em Ciências
Econômicas, se especializou em educação em Israel, na Universidade Bar-llan,
mas foi no Brasil que concluiu seu mestrado e doutorado em Letras e Filosofia,
pela Universidade de São Paulo (USP). O Rav. Samy Pinto ainda é diplomado Rabino
pelo Rabinato chefe de Israel, em Jerusalém, e hoje é o responsável pela
sinagoga Ohel Yaacov, situada no Jardins também conhecida como sinagoga da
Abolição.
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