Mulheres chegam aos consultórios com
câncer de mama muito avançado, mas quanto
menor for o tumor, mais conservadora
será a cirurgia
O diagnóstico precoce do câncer de
mama é uma das principais armas contra a doença. O alerta é da Sociedade
Brasileira de Mastologia, que enfatiza que se o tumor for detectado ainda em
fase inicial (com menos de 1 a 2 cm) as chances de cura podem chegar a 95%. A
entidade estima que cerca de 70% dos casos
fazem mastectomia porque os tumores são muito grandes, o que está ligado
diretamente à dificuldade do diagnóstico precoce e a demora ao acesso das
pacientes à consulta, exames, biópsia e tratamento. Em São Paulo, por exemplo,
o percentual de cobertura mamográfica em 2017 (realizadas em mulheres de 50 a
69 anos pelo SUS) foi de 28,7%, bem abaixo do recomendado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), que é 70%.
Foram realizadas no estado 802,7
mil mamografias em mulheres dessa faixa etária, a que mais acomete as
brasileiras, contra os 2,7 milhões de exames esperados. As dificuldades são
muitas. E a Sociedade Brasileira de Mastologia vem oferecendo educação
continuada a seus especialistas para que, quando as pacientes tiverem que fazer
a mastectomia, as cirurgias sejam menos mutiladoras possíveis, com
reconstrução mamária e uso de implantes, além de cicatrizes imperceptíveis,
garantindo assim mamas mais próximas das reais e, consequentemente, a
autoestima da mulher, essencial para a luta contra a doença.
Os pesquisadores desenvolveram
técnicas que permitem, através de um acesso pequeno e discreto na mama (como
por exemplo, pela borda da aréola e mamilo, ou pelo sulco mamário) realizar
esses procedimentos com baixa taxa de complicações e, principalmente, ótimos
resultados estéticos. “As cicatrizes após a cirurgia estão cada vez mais
discretas, afirma Antônio Frasson, presidente da Sociedade Brasileira de
Mastologia.
Segundo ele, incisões escondidas
podem ser realizadas tanto em cirurgias radicais (retirada total da mama)
quanto em cirurgias parciais da mama (quando é retirado somente o tumor com
margem livre). Esse tipo de cirurgia evita que a mulher tenha o estigma de
cirurgia radical, com cicatrizes no meio da mama, que não colaboram com a
autoestima e o sucesso do tratamento. “Essas incisões também permitem o acesso
até a axila, possibilitando uma avaliação para saber se há comprometimento de
linfonodo, o que é um procedimento obrigatório, porém evitando um novo corte”,
afirma ele.
Os procedimentos menos invasivos vêm
sendo incentivados pela Sociedade Brasileira de Mastologia nos últimos anos.
Para colaborar com a preservação da mama nas cirurgias, a entidade vem
oferecendo cursos de educação continuada que estimulam seus especialistas a
realizarem cirurgias menos radicais invasivas e com melhores resultados
estéticos, além de congressos específico para o tema. Entre eles, está a
Jornada Brasileira de Oncoplástica, que acontece esse mês entre os dias 20 e
22, Moema, São Paulo, e foca na qualificação de técnicas cirúrgicas de
reconstrução mamária tanto em cirurgias conservadoras quanto radicais. “Durante
o evento especialistas internacionais e nacionais realizam as cirurgias em um
hospital e as imagens são transmitidas ao vivo para uma plateia de médicos que,
além de estarem acompanhando ao vivo, podem participar discutindo as melhores
opções”, completa Frasson.
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