Pesquisa especializada aponta maior
entusiasmo do estudante em relação à modalidade, coincidindo com um momento de
recuperação das vagas suprimidas pela crise
Se
nos dois últimos anos os jovens foram os mais afetados pela crise do emprego, a
virada no calendário pode significar, ainda que discretamente, um novo estímulo
para aqueles que buscam uma oportunidade de aprendizado. Isso porque, de acordo
com a Companhia de Estágios – assessoria e consultoria especializada em vagas
de estágio e trainee – os índices de 2017 apresentaram um crescimento animador
no número de postos abertos em comparação a 2016. E tais números já refletem na
percepção do público alvo dessas vagas: curiosamente o levantamento anual feito
pela empresa identificou um otimismo maior em relação ao mercado de trabalho
entre esses candidatos. De acordo com a pesquisa “O Perfil do candidato a vagas
de estágio em 2018” o número de jovens encarando o mercado de forma positiva
cresceu 2%, ao mesmo passo que houve uma diminuição de 3% no pessimismo desses
estudantes.
Pesquisa especializada aponta maior otimismo
Embora
o país atravesse um período árduo para os trabalhadores menos experientes, uma
pesquisa realizada pela Companhia
de Estágios apontou, pelo segundo ano consecutivo, que a maioria dos
candidatos segue otimista em relação ao mercado de trabalho. Contudo, em 2018,
o número de jovens confiantes na melhora do cenário aumentou 2% em comparação
com o último levantamento. Atualmente, 78% dos 5410 candidatos a estágios ouvidos
pela recrutadora se declaram esperançosos em relação às oportunidades futuras,
12% se sentem indiferentes e apenas 10% estão pessimistas – um número 3% menor
em comparação com o levantamento de 2017.
Entusiasmo de ano novo?
Contudo,
esse pensamento não estaria ligado apenas ao típico entusiasmo provocado pela
virada do calendário, quando a busca pelo emprego costuma entrar no rol de
“resoluções de ano novo”. Segundo Tiago Mavichian, diretor da Companhia de
Estágios, o mercado de estágios está reagindo num passo mais animador do que as
vagas formais “O número de vagas de estágios anunciadas em 2017 foi 19% maior
em comparação com o último ano. Esse número supera os postos perdidos em 2016 –
o ano mais difícil para o mercado de estágios, desde o começo da crise. Se
considerarmos que o mercado celetista demonstrou, nesse mesmo período, um saldo
negativo entre as admissões e contratações, (segundo o Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged), o último ano fechou com um saldo negativo
de 20.832 vagas) fica evidente que o estágio é, no momento, a melhor
alternativa para o jovem, sobretudo pelo fato dele não ter que concorrer com
profissionais muito mais experientes”.
Outro
ponto destacado por Mavichian é que os jovens estão, naturalmente, migrando para
o estágio em virtude do encolhimento dos postos formais “Nossa pesquisa
identificou que, nos dois últimos anos, esses jovens priorizaram a busca pelo
estágio. Mais de 55% afirmou ter participado de pelo uma entrevista de estágio
nesse período, enquanto para postos celetistas, a participação foi apenas 39%”.
Embora tendência, concorrência é alta.
Números
da recrutadora também demonstram que a procura pelo estágio tem crescido
progressivamente desde 2014 – ano no qual o país entrou na crise econômica e,
por consequência, na derrocada do emprego formal. Dados indicam que no último
triênio, o crescimento no número de candidatos ultrapassou os 20%, e que,
somente em 2017, foram mais de 200 mil inscritos para os processos seletivos
realizados pela recrutadora em todo o Brasil.
Contudo,
engana-se quem pensa que essa “migração” é fruto de uma maior “facilidade” dos
processos seletivos para esses postos. Embora as vagas sejam, de fato, voltadas
exclusivamente para estudantes, a Companhia de Estágios identificou que a
maioria dos candidatos ouvidos em seu levantamento não vê diferença no nível de
competitividade/dificuldade dos processos para vagas de estágio ou celetistas.
Segundo Rafael Pinheiro, gerente de recursos humanos da empresa, “Nesse
momento, o que mais atrai o jovem para as vagas de estágio é a chance de
aprendizado. Com o encolhimento do mercado celetista, os empregadores priorizam
trabalhadores experientes e o jovem se sente cada vez mais pressionado a
adquirir bagagem profissional. Inclusive, de acordo com a pesquisa, boa parte
deles não se sente preparado para o mercado formal e deseja estagiar antes de
enfrentar essa modalidade”.
Expectativa de crescimento
Segundo
Mavichian, o mercado de estágio não só atravessa uma recuperação, como deve
crescer ao longo do ano “Na nossa última projeção, esperávamos um aumento em
torno de 17%, que foi ultrapassado ao longo de 2017. Para esse ano, estamos com
a mesma expectativa, que as empresas retomem a confiança e abram mais vagas de
estágio. Contudo, fica o recado para o jovem: com o crescimento da
concorrência, é preciso investir na qualificação, pois, da mesma forma, a
tendência é de aumento da procura por esse tipo de vaga”. – conclui.
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