A alternativa para combater a doença é o uso
de repelentes e roupas adequadas, além de cuidados com o ambiente
Em
meio ao surto preocupante de febre amarela que ocorre no Brasil, a população
lota os postos de saúde em busca de vacinação. Entretanto, a oncologista
pediátrica e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE),
Alayde Vieira, faz um importante alerta: a vacina para febre amarela é
contraindicada para crianças em tratamento oncológico. “Crianças menores de
seis meses não podem ser vacinadas, assim como crianças que estão em tratamento
contra o câncer e pacientes transplantados, já que se tornam imunodeprimidos
por conta dos medicamentos usados no tratamento”, afirma.
Modalidades
de tratamento utilizados na oncologia pediátrica como a quimioterapia e
radioterapia impedem a vacinação, principalmente por conta da queda na
imunidade e na incapacidade de produzir anticorpos. No caso da vacina da febre
amarela os efeitos colaterais quando feitos em pessoas imunodeprimidas são
muitos severos com risco de complicações graves e fatais.
Uma
das alternativas para protegê-los é utilizar repelentes. A oncologista
orienta que em crianças a partir dos seis meses de idade, é recomendado
repelentes com o composto químico IR3535. Porém, por serem um pouco mais
fracos, os estudos diferem quanto à sua eficácia contra o Aedes aegypti,
transmissor da febre amarela. Acima dos dois anos de idade, os repelentes com
DEET (dietiltoloamida) e Icaridina são os mais utilizados. A especialista
alerta, porém, que o uso deve ser moderado e é preciso ficar atento à concentração
desses produtos e tempo de repetir aplicação.
Outras
formas de proteção
Alayde
explica que repelentes nunca devem ser usados em associação com hidratantes e
protetores solares, pois diminuem sua eficácia e podem causar alergias –
principalmente nas crianças oncológicas, por conta da hipersensibilidade. “É
importante evitar o uso do produto nas mãos, pois a criança pode levar à boca,
olhos ou nariz e causar alguma intoxicação”, reforça.
Outra
alternativa são os repelentes naturais, como o óleo de citronela, andiroba e
capim-limão – estes, porém, protegem a criança por menos tempo por serem
altamente voláteis. O repelente líquido de tomada também ajuda a afastar os
mosquitos, mas deve ser colocado em locais fora do alcance de crianças.
“Também
é necessário pensar em reforços para essa prevenção, como colocar telas nas
janelas, utilizar roupas com mangas e calças compridas, manter as janelas
fechadas no período da manhã e final da tarde, evitar água parada e manter o
ambiente sempre limpo para evitar que surjam criadouros de mosquitos”, comenta.
Caso a criança apresente qualquer
sintoma de febre amarela, como febre, dor de cabeça, dores musculares, náuseas
ou olhos avermelhados, ela precisa imediatamente ser encaminhada à unidade de
pronto atendimento do serviço de oncologia que frequenta. Tendo a confirmação
da doença, ela terá que ser hospitalizada e monitorada, já que não existe
medicação específica para a doença. “A febre amarela já é uma doença difícil de
ser tratada, mas com pacientes oncológicos é necessário ter um cuidado a mais,
por isso precisamos focar na prevenção e evitar a proliferação do mosquito
transmissor”, conclui.
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