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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Cães e gatos podem ter Febre Amarela?



O surto de Febre Amarela vem deixando donos de cães e gatos de orelha em pé – será que os peludos também podem ficar doentes? 

Respirem aliviados: a resposta é não! Humanos e macacos são os únicos hospedeiros do vírus responsável por uma das mais temidas doenças transmitidas por mosquitos. Existem dois tipos de Febre Amarela, silvestre e urbana. No primeiro caso, os macacos funcionam como hospedeiros e, se picados, transmitem o vírus para os mosquitos Haemagogus ou Sabethes, comuns nas matas e na beira dos rios. Uma vez infectados, os mosquitos se tornam vetores para sempre e poderão transmitir a doença para outros macacos e para humanos não vacinados. Em área urbana, o humano (único hospedeiro do vírus) infectado pela febre amarela silvestre pode transmiti-la para mosquitos como o Aedes aegypti, que picam outras pessoas e espalham a doença.

Aedes aegypti deve ser temido por donos de cães e gatos por outro motivo: ele é vetor da Dirofilaria immitis, que acarreta a Dirofilariose, popularmente conhecida como verme do coração. Para que isso não ocorra, acabe com qualquer possível foco: o mosquito se reproduz  em água parada, por exemplo nas vasilhas dos nossos bichinhos, que devem ser lavadas com esponja e sabão diariamente. A Dirofilariose também é transmitida pelo mosquito Culex sp (o pernilongo comum) contaminado pelo parasita dirofilária. Quando ele pica, libera larvas na corrente sanguínea, que se alojam no ventrículo direito, na artéria pulmonar e na veia cava, reduzindo a função cardíaca, causando dificuldades respiratórias e uma tosse crônica. A doença, que pode ser detectada por exame de sangue e tem tratamento (embora muito delicado e com um certo risco para o cão),principalmente nos estágios iniciais, pode ser prevenida por meio de medicamentos e antipulgas de última geração.

Outra doença bastante temida é a leishmaniose, transmitida por flebótomos, insetos minúsculos que causam um estrago danado. Eles se reproduzem em matas úmidas e locais com matéria orgânica, como terrenos baldios e depósitos de lixos, e ao picarem um cão infetado, recolhem os parasitas que se multiplicam em seus estômagos e que contaminarão outros cães e humanos. Apesar dos flebótomos serem os vetores da doença, em diversos locais a recomendação ainda é a eutanásia dos peludos, entendendo-se serem eles reservatórios da doença. Ainda não existe cura para a leishmaniose, mas há tratamento para reverter sintomas como o emagrecimento progressivo, aumento do baço e fígado, crescimento exagerado das unhas e ferimentos na pele que não cicatrizam. A prevenção pode ser feita por meio de coleiras e produtos repelentes.

A Doença de Chagas, causada pelo Trypanosoma cruzi, também pode acometer os cães. O protozoário é transmitido pelo triatomídeo (mosquito conhecido por barbeiro) que ao picar o peludo para se alimentar defeca, contaminando o local da picada.

Outro inseto do mal é a mosca. A varejeira (Cochliomyia hominivorax) causa bicheira ou miíase ao depositar suas larvas em ferimentos expostos, que literalmente “comem” a pele e os tecidos subcutâneos e musculares do animal, e enquanto não atingem a forma adulta, vão aumentando o tamanho da ferida. É uma doença dolorosa e, muitas vezes, a amputação do membro afetado é inevitável. Existem bandanas, sprays e coleiras que ajudam a evitar que as moscas pousem nos peludos, e é importante ficar de olho em qualquer machucado, até nos menorzinhos.

Já a berne, muitas vezes confundida com bicheira, é causada por larvas de moscas da espécie Dermatobia hominis, que podem contaminar a pele de qualquer animal, até se não houver ferimento. Com o passar dos dias surge um nódulo com um buraquinho – às vezes não é possível ver a larva, apenas as secreções. Espremer não é a solução: peça ajuda ao veterinário. Em alguns casos o animal precisa até ser sedado para a realização do procedimento.

A melhor prevenção para essas duas doenças é a higiene. Recolha sempre as fezes e limpe bem o “banheiro” do peludão. Medicamentos antipulgas em comprimidos têm ótimo resultado, além de serem úteis para matar as larvas nos casos de infestações.


Fique atento!

* Dirofilariose, conhecida como verme do coração, é causada pelo dirofilária, parasita transmitido pelos mosquitos Culex sp e Aedes aegypti e ocorre principalmente em áreas litorâneas.

* Transmitida por flebótomos, a leishmaniose também pode infectar humanos. Ainda não tem cura, mas é possível reverter os sintomas. A limpeza de terrenos onde há lixo e material orgânico ajuda a evitar a propagação do inseto.

* As moscas varejeiras depositam ovos em ferimentos na pele. As larvas comem tecidos e carne, podendo comprometer em demasia a saúde do animal.

* A berne é causada pelas larvas da mosca Dermatobia hominis, que se alojam na pele dos animais, ainda que não existam ferimentos, causando dor e irritação. A higiene é a melhor prevenção (isso vale também para a bicheira),além de repelentes.


Previna-se

* Lave as vasilhas de água com sabão diariamente, esfregando bem as bordas, lugar preferido dos mosquitos para desova – melhor ainda se as vasilhas não tiverem bordas.

* Cuidado com os ralos: mantenha-os fechados ou lave todos os dias.

* Prefira caminhas e panos de cor clara – os mosquitos gostam mais das escuras – e acomode seu amigão em local ventilado para dificultar que as pragas pousem e botem ovos.

* Mata-mosquitos elétrico ajuda a eliminar as pragas, mas cuidado para o cachorro não se queimar.

* Aparelhos ultrassônicos não devem ser usados: o som, imperceptível para os nossos ouvidos, incomoda não só os mosquitos, mas os nossos peludos.

* Consulte o veterinário sobre repelentes que não prejudiquem o animal.





Cláudia Pizzolatto e Regina Ramoska
Fonte: https://www.bitcao.com.br/




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