As carótidas são artérias localizadas nos dois
lados do pescoço, responsáveis por transportar sangue rico em oxigênio para o
cérebro. Quando um desses vasos calibrosos não está em pleno
funcionamento, talvez pelo acúmulo de placas de gordura (calcificadas ou não)
em suas paredes, o cérebro fica sem o suprimento necessário e o paciente pode
sofrer um AVC (acidente vascular cerebral). Vale dizer que até 15% dos AVCs
isquêmicos são causados por aterosclerose das carótidas. Além de servir para
diagnosticar doenças nessas artérias, o exame tem a função de avaliar o espessamento
médio-intimal (EMI) da parede da artéria carótida comum, que é considerado
fator de risco cardiovascular, incluindo doença arterial coronariana precoce.
“Há
casos em que a disfunção erétil de origem arteriogênica pode ser a primeira
manifestação de doença cardiovascular por aterosclerose”, diz Leonardo Piber,
médico ultrassonografista do CDB
Medicina Diagnóstica, em São Paulo. “Metade dos pacientes que sofreram
infarto geralmente já tinham placas obstruindo vasos do coração. De modo geral,
as pessoas não devem achar que podem comer de tudo, sem censura, e que o
organismo não vai se ressentir mais adiante. Quando o paciente tem uma dieta
pouco saudável, rica em carnes vermelhas, carboidratos, sal e açúcar, mais cedo
ou mais tarde surgem problemas de saúde. Principalmente se, além disso, ele for
fumante, sedentário ou se tiver pais que já sofreram infarto ou derrame”.
O médico explica que o ultrassom das carótidas com
Doppler é um dos melhores exames para avaliar o problema. “Trata-se de um
procedimento rápido e indolor que evidencia o espessamento da artéria carótida.
O resultado costuma ser usado como referência da doença vascular. Por exemplo, quando
um paciente adulto (menos de 65 anos) tem um espessamento de artéria maior que
um milímetro, o risco de ele sofrer um infarto ou um AVC é seis vezes maior.
Neste caso, seu médico cardiologista deverá fazer um controle mais rígido das
taxas de colesterol e triglicerídeos, da pressão arterial e, inclusive, maior
controle do peso”.
Na opinião do especialista, quem tem histórico
familiar de doenças do coração deve se prevenir desde os 35-40 anos. “Nessa
faixa etária, é sempre bom procurar um médico, fazer um check-up completo do
coração e dar início a um projeto de vida que contemple evitar o acúmulo de
placas de gordura nas artérias. Até mesmo um simples exame de sangue poderá
apontar o risco de a pessoa sofrer um infarto em cinco ou dez anos. Mas quem
tiver condições de fazer toda a bateria de exames, incluindo o ultrassom das
carótidas, terá uma noção mais próxima da realidade sobre o que deve fazer para
preservar a saúde por mais tempo e evitar um infarto ou um derrame cerebral.
Geralmente, uma dieta saudável e equilibrada, exercícios aeróbicos e o abandono
do fumo e do álcool em excesso, vão ajudar bastante – associados, muitas vezes,
a medicamentos de uso contínuo”.
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