Deixe os pequenos longe dos celulares! É a
dica da fonoaudióloga Ana Lúcia Duran, da clínica Zambotti & Duran da
capital paulista e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que
desaconselham o uso desses aparelhos para menores de 2 anos. Isso porque,
segundo um estudo do Hospital para Crianças Doentes da Universidade de Toronto,
no Canadá, quanto mais tempo as crianças ficam expostos à tela, maior o risco
de apresentarem atraso no desenvolvimento da fala – além de outros prejuízos.
Por mais que parece apenas uma inofensiva
tela, ali se escondem perigos que impactam diretamente no desenvolvimento das
crianças. E um dos principais prejuízos é o isolamento social que estes
aparelhos provocam. ”Ao contrário do que muitos pais imaginam, estes
equipamentos não promovem a orientação e a interação que os pequenos precisam.
Para o desenvolvimento natural, as crianças precisam se comunicar, verbalizar,
errar, serem corrigidas – e os aparelhos eletrônicos não dão estas
possibilidades, pelo contrário, inibem muitas dessas ações”, alerta a
especialista.
Além disso, o uso exagerado de celulares e
tablets geram novas doenças como a chamada síndrome de "demência
digital", causada pelo uso excessivo da tecnologia e que atrapalham muito
o desenvolvimento escolar infantil, ocasionando perda nas habilidades
cognitivas e na memória. E em adolescentes, desencadeiam a ansiedade social que
faz com que dependência com as redes sociais e com a internet seja cada vez
mais forte. “Isso sem falar na obesidade, sedentarismo, insônia,
agressividade, hiperatividade e nos problemas de atenção relacionados ao excesso
de uso das telas eletrônicas”, diz Ana Lúcia.
Mesmo que o mundo esteja cada vez mais
conectado, essa digitalização que tanto ajuda a evoluir a humanidade no sentido
da rapidez e facilidade de acesso à informação, pode estar causando efeito
contrário se usado de forma inadequada, indiscriminada e excessiva - As
consequências são a perda de um tempo precioso de contato visual, vínculo
afetivo e integração familiar gerado por essa hiperestimulação visual e a
facilidade de ter sempre “à mão”.
Infelizmente observa-se que muitas vezes
celulares e tablets são utilizados como “cala a boca” e sinalizam para a
criança que a interação interpessoal não é necessária, levando inclusive a
comportamentos comuns nos diagnósticos do espectro autista em indivíduos normotípicos,
assim é necessário estar atento e lembrar sempre que na infância é construída a
identidade pessoal e que o desenvolvimento da linguagem ocorre a partir da
interação e dos modelos de comunicação dos adultos.
FONTE: Ana Lúcia Duran - Fonoaudióloga clínica
(graduada pela EPM/UNIFESP) e educacional (responsável pelo projeto oficina de
linguagem do colégio Cermac/ vencedor do PNGE - Prêmio Nacional de Gestão
Educacional/2015), pós graduada em psicomotricidade.
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