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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Pai também é sinônimo de amor e cuidado



Quem (ao menos na faixa dos 40 anos) não lembra daquele comercial de uma pomada anti-inflamatória famosa que tinha como slogan: “Não basta ser pai, tem que participar!”? As cenas do homem que acorda cedo para levar o filho ao jogo de futebol, sofre com seus percalços, cuida do machucado e vibra com a conquista se contrapõem ao estereótipo do pai como provedor do sustento financeiro da família, mas excluído do cuidado e da educação dos filhos. Tal imagem vem sendo transformada, sobretudo, ao longo das últimas décadas, com a cobrança social pela criação e ampliação da licença paternidade e de outros direitos, como o de deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo de salário, por até dois dias para acompanhar consultas médicas e exames durante a gravidez de sua esposa ou companheira.

O envolvimento paterno é hoje preconizado como elemento fundamental para a saúde e o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança. É, inclusive, eixo prioritário da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) do Ministério da Saúde, na qual uma das estratégias é estimular profissionais de saúde, educadores e gestores a desenvolverem ações visando ao engajamento dos homens no planejamento reprodutivo, no pré-parto, parto e pós-parto e no cuidado cotidiano com os filhos.

Nesse sentido, o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) tem investido na inclusão do parceiro nos serviços que, antes, eram voltados exclusivamente para a mulher. Um exemplo é a abordagem da importância da participação do pai feita pela equipe do Ambulatório de Pré-Natal da instituição, seja nos materiais educativos, como o Manual de Orientações e Informações para a Gestante e sua Família, ou nos grupos de matrícula para gestantes, que são semanais. Dentre as sessões temáticas dos grupos educativos, que acontecem uma ou duas vezes por mês, há uma dedicada especificamente à discussão sobre paternidade. Nela, as gestantes e seus acompanhantes (muitas vezes, os companheiros) assistem a filmes com depoimentos reais de homens e suas experiências singulares com os filhos, além de terem oportunidade de aprender a dar banho e embrulhar o bebê para carregá-lo, coisas simples mas que, muitas vezes, podem afastar os pais do cuidado. “A ideia é aproximá-los dessas atividades do dia a dia da criação dos filhos, desconstruindo representações muito difundidas pela mídia nas quais o homem é o abusador (da mulher e/ou da criança) ou o atrapalhado nas atividades domésticas”, explica a assistente social e pesquisadora do IFF/Fiocruz Aline de Carvalho Martins.

Aline, que trabalha com o tema da paternidade e suas repercussões na saúde, defende que os espaços de saúde precisam promover a entrada dos homens, aumentando as oportunidades de exercitar a capacidade de cuidar da prole e, até mesmo, perceber que, para além da obrigação, o cuidado pode ser fonte de prazer. Segundo ela, estudos mostram que o homem que cuida se preocupa mais com a própria saúde, tem menos chance de fazer consumo abusivo de drogas e de se tornar usuário do sistema carcerário. Do mesmo modo, as mulheres se beneficiam, comparecendo mais às consultas de pré-natal, mostrando-se mais satisfeitas com a relação conjugal, estando menos propensas à depressão e outras doenças e melhorando a qualidade do cuidado que dispensam aos filhos. “Mas é importante que a mulher tenha consciência de que também cabe a ela permitir que o pai seja um cuidador. Isso significa respeitar a sua forma diferente de brincar com a criança e deixar que ele encontre o seu próprio jeito de cuidar, sem desqualificá-lo”, finaliza.






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