Infográfico elaborado pela SOBRAC indica como realizar os primeiros procedimentos
em uma vítima de parada cardíaca
em uma vítima de parada cardíaca
Você
sabe identificar os sinais de uma parada cardíaca? Sabe fazer as
manobras de reanimação (massagem cardíaca) ou usar um Desfibrilador
Externo Automático (DEA)? Provavelmente, não. Isso porque, no Brasil, o
socorro imediato e emergencial para os casos de parada cardíaca – e
mesmo primeiros socorros básicos para acidentes mais comuns - ainda é
negligenciado, e pouco difundido. Histórias reais e fatais ajudam a
estimular a educação e conscientizar a população leiga sobre a
importância do atendimento imediato em situações críticas, como nos
casos de uma parada cardíaca.
“Há
muitos anos a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) faz
alertas e campanhas educativas, inclusive com demonstrações públicas
sobre a importância do socorro imediato às vítimas com parada cardíaca.
Por isso, enfatizamos na nossa campanha – Coração na Batida Certa
– as manobras de reanimação e uso do desfibrilador externo. A parada
cardíaca e a morte súbita não dão sinais prévios e quem está por perto
pode salvar uma vida”, explica a presidente da SOBRAC, a cardiologista Denise Tessariol Hachul.
O
infarto cardíaco (morte do tecido muscular do coração por falta de
circulação sanguínea) é a principal causa de parada cardíaca e morte
súbita no mundo ocidental. Outras causas são a insuficiência cardíaca,
que pode ter várias origens, a embolia pulmonar e os problemas
congênitos ou geneticamente determinados. Se o socorro é realizado de
imediato, em muitos casos é possível reverter o quadro e diminuir os
riscos de lesão cerebral, geralmente com sequelas irreversíveis.
Entre
2001 e 2002, o paulista Gilmar de Oliveira, psicólogo organizacional
aposentado, fez três cirurgias cardíacas e implantou um marca-passo
definitivo, após dois infartos, aos 37 e 38 anos. Na época, Oliveira
estava com a frequência cardíaca extremamente baixa, em torno de 25
batimentos por minuto. Nunca precisou de socorro imediato e nem de
reanimação cardíaca. Somente em 2014, como voluntário durante da Copa do
Mundo, em São Paulo, é que apendeu as técnicas de reanimação e como
usar do Desfibrilador Externo Automático (DEA). “Aprendi os
procedimentos e foi então que percebi a importância do treinamento para o
público leigo. Embora não tenha feito nenhum atendimento durante a
Copa, eu estava pronto para socorrer, se necessário fosse”, explica
Oliveira, hoje com 64 anos.
A
mineira Luciana Alves, também portadora de marca-passo, não chegou a
ser socorrida na rua. A primeira vez foi dentro de um hospital, quando
estava em avaliação para diagnosticar seus sintomas; a segunda, também
em ambiente hospitalar, por causa de uma queda brusca na frequência
cardíaca. Aos 28 anos, Luciana sentiu os primeiros sintomas de uma
arritmia cardíaca e, em junho de 2012, aos 38 anos, depois de uma
internação em UTI, foi diagnosticada com Disfunção do Nó Sinusal (ou seja, disfunção do marca-passo cardíaco natural do coração) e recebeu o implante do dispositivo cardíaco artificial.
“Sempre
lembro do meu caso e vejo que é extremamente importante saber socorrer
alguém de forma rápida e segura. Isso significa reduzir as chances de
sequelas e uma infinidade de sofrimentos podem ser evitados. Depois de
duas paradas cardíacas e um dispositivo implantado, voltei a realizar
atividades normais, a fazer as coisas que sempre fiz e a praticar
atividade física. Quando você está preparado para socorrer alguém,
possibilita isso aos outros também”, diz Luciana, doutora em Ciências da
Saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais, fundadora do Blog
e-Patient Brazil – Pacemaker Users e presidente do Clube do Marcapasso,
organização sem fins lucrativos cuja missão é ajudar pacientes com
dispositivos médicos implantáveis. Em seu Blog e redes sociais, Luciana
compartilha informações relacionadas à saúde e tecnologia, além de
facilitar o contato regional e global entre médicos e pacientes.
Geralmente,
a parada cardíaca acomete pessoas ativas, que desempenham suas
atividades cotidianas normalmente e, de repente, por estresse físico,
emocional, ou outra razão, sofrem um mal súbito. E são esses sustos que
servem de alerta.
A
carioca Aline Rocha tem um histórico parecido. Saudável e praticante de
ciclismo e montanhismo, fez diversas investigações e tratamentos, até o
último recurso, o implante de marca-passo em 2003, aos 30 anos de
idade: “Depois de muitas síncopes e arritmias, inclusive fibrilação
atrial!”. Aline também teve parada cardíaca dentro do hospital, sem
precisar de socorro emergencial em locais públicos. Hoje, mesmo com o
marca-passo implantado, sua maior distância em corridas marca 25km de
montanha - esforço equivalente à uma maratona.
“Fui
socorrida por profissionais durante a minha cirurgia para o implante do
marca-passo. Digamos que estava segura. Talvez não pudesse contar esta
história, nem continuar correndo, caso tivesse uma parada cardíaca na
rua ou em um show. Por isso, qualquer cidadão deve ser orientado e
treinado para socorrer. Infelizmente, isso não é muito difundido e
também não vejo aqui no Rio, por exemplo, desfibriladores portáteis
(DEAs) em locais públicos, que deveriam estar disponíveis para aqueles
que já sabem fazer a reanimação cardíaca”, relata Aline.
Segundo
a Presidente da SOBRAC, a maioria das mortes ocorre fora do ambiente
hospitalar, sendo que 86% das paradas cardíacas acontecem nos próprios
lares das vítimas e 50% são assistidas por um adolescente ou por uma
criança, sem nenhum adulto por perto. Considerada de alta incidência,
14% das paradas cardíacas ocorrem em vias públicas ou em lugares de
grande concentração de pessoas, como em aeroportos, dentro de aeronaves,
shopping centers, estádios desportivos, cadeias públicas. Em todos os
casos, o atendimento rápido é fundamental para que se evite a morte
súbita ou sequelas decorrentes de uma parada cardíaca não recuperada.
Sobre
atividade física, a cardiologista lembra ainda que é sempre benéfica,
para pessoas de todas as idades, gêneros e etnias. Alguns estudos, no
entanto, observam que os exercícios de alta intensidade, quando
realizados por longos períodos de tempo, podem aumentar o risco de morte
súbita. Em indivíduos com mais de 35 anos, a principal causa de parada
cardíaca durante a prática esportiva é a doença arterial coronária (DAC)
e, assim como na população em geral, a avaliação deve focar o
diagnóstico da DAC.
“A
divulgação desses depoimentos reais e a realização de ações concretas,
dirigidas por sociedades médicas como Campanhas em nível populacional,
têm como objetivo promover a conscientização sobre a importância do
reconhecimento e do atendimento imediato de vítimas de parada cardio
respiratória (PCR), seja dentro de suas casas, em locais públicos, no
ambiente de trabalho, em instituições de ensino e mesmo dentro de
serviços de saúde. Ações preventivas e educativas, como as realizadas
pela SOBRAC, são imprescindíveis e devem ser disseminadas amplamente”,
pontua Dra. Denise Hachul.
Vídeo:
Dicas Úteis - Lembre-se!
- A morte súbita pode ser evitada em grande parte dos casos, se o socorro à vítima for realizado rapidamente, por meio de massagens cardíacas e aplicação de um choque elétrico no peito do paciente (desfibrilação). Esse choque é liberado por um aparelho chamado Desfibrilador Externo Automático (DEA), facilmente manuseado, desde que haja treinamento prévio.
- É extremamente recomendável – em várias circunstâncias é obrigatória - a existência de um DEA facilmente acessível em locais públicos ou privados de grande circulação de pessoas, como por exemplo: praças, parques, praias, shoppings centers, aeroportos, estações rodoviárias e de trens, clubes, condomínios, estádios de futebol, ginásios esportivos, academias de ginástica e instituições de ensino, entre outros.
- O índice de sucesso na recuperação de uma PCR depende diretamente do tempo transcorrido entre a sua ocorrência, o início das massagens cardíacas externas e a desfibrilação.
- As chances de sobrevivência da vítima diminuem cerca de 10% a cada minuto de atraso nesse socorro.
- Danos cerebrais irreversíveis podem ocorrer a partir de 4 a 6 minutos após uma parada cardíaca não socorrida.
- Poucas tentativas de reanimação cardíaca são bem sucedidas após 10 minutos.
- Se você não estiver preparado/a para realizar as manobras de reanimação e não souber usar o DEA, acione uma equipe de socorro local, solicite imediatamente um DEA e ligue rapidamente para o SAMU (192).
Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas – SOBRAC
Criada oficialmente em 1984, a SOBRAC, antigo Departamento de Arritmias e Eletrofisiologia Cardíaca (DAEC), é uma entidade médica sem fins lucrativos, afiliada à Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Seus objetivos são normatizar as atividades relacionadas às arritmias cardíacas no Brasil, promover o desenvolvimento científico e a valorização profissional da especialidade, além de orientar a população leiga a respeito dos problemas mais comuns ligados à arritmia cardíaca e morte súbita por meio de campanhas educativas.
Criada oficialmente em 1984, a SOBRAC, antigo Departamento de Arritmias e Eletrofisiologia Cardíaca (DAEC), é uma entidade médica sem fins lucrativos, afiliada à Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Seus objetivos são normatizar as atividades relacionadas às arritmias cardíacas no Brasil, promover o desenvolvimento científico e a valorização profissional da especialidade, além de orientar a população leiga a respeito dos problemas mais comuns ligados à arritmia cardíaca e morte súbita por meio de campanhas educativas.
SOBRAC: www.sobrac.org
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