Sensação de
queimação, estômago pesado, dores, azia e enjoos. Esses sintomas são comuns
quando já existe um problema gástrico ou houve algum exagero na alimentação. Por
outro lado, engana-se quem acredita que eles são exclusivamente decorrentes
dessas questões, já que uma das principais causas dos males do tubo
digestivo tem origem emocional, em razão do estresse e da ansiedade. Magdala
Tolentino, especialista do Núcleo de Gastroenterologia do Hospital Samaritano
(Barra da Tijuca), destaca como é importante prestar atenção aos sinais que
essas situações provocam para evitar problemas no estômago.
O tubo
digestivo sofre com a pressão do dia a dia, como explica a especialista, tendo
em vista que a ansiedade libera adrenalina e cortisol, substâncias que fazem
com que o corpo aumente a produção do suco gástrico. “Essa alta ocasiona
irritação em todo o aparelho digestivo, o que gera dores, náuseas, diarreias e
vômitos”, diz. A médica observa que existem vários fatores que contribuem para
os males dessa parte do organismo, como o excesso de comida industrializada e
gordurosa, além da ingestão em demasia de bebidas alcoólicas. “Por outro lado,
não adianta manter somente uma alimentação saudável se a mente não estiver em
paz, pois o tubo digestivo é um alvo certo quando o estresse não é controlado”,
ressalta.
Os problemas
de origem emocional e psicológica refletem-se diretamente no organismo. “No
consultório, embora a maioria dos pacientes apresente mais as queixas sobre os
sintomas e desconfortos, ao fazermos exames e
constatarmos gastrite ou outros males que causam dores estomacais, acabamos
concluindo que a rotina do paciente envolve situações de pressão e que esse é
um fator determinante para as doenças apresentadas”, explica Magdala.
Problemas
emocionais também podem afetar o intestino, como afirma a especialista, que
observa a tensão e a ansiedade como impedimentos para que o sistema
gastrointestinal processe os alimentos de forma correta. “O fato de essas
sensações liberarem substâncias que aumentam a produção de ácidos no organismo
faz com que todo o aparelho digestivo fique irritado. Caso não ocorra o devido
acompanhamento médico, no pior dos cenários uma úlcera poderá surgir, o que é
bem mais delicado de ser tratado, por ser uma ferida no órgão”, alerta.
O importante
é saber que, sempre que houver um alerta do corpo – como dor no estômago, azia,
diarreia ou desconforto abdominal, a avaliação médica é indicada. Também não é
recomendável tentar solucionar o problema com receitas caseiras e remédios
adquiridos por conta própria, sem a devida orientação especializada. “Em
algumas situações, os especialistas conseguem resolver a causa do desconforto
com a prescrição de remédios e orientação para mudança de hábitos e de
alimentação. Por outro lado, se o motivo for estresse, nada disso se resolverá
se não ocorrer uma mudança no padrão de vida, juntamente com o acompanhamento
dos problemas emocionais, o que pode ser feito por um psicólogo ou psiquiatra,
por exemplo, dependendo de cada caso”, informa a especialista.
Sobre as
formas de prevenção, a médica diz que a qualidade do sono é um fator
fundamental para que esses quadros de ansiedade e estresse sejam amenizados.
“Manter bons hábitos nesse sentido poderá contribuir para reparar os danos,
reduzindo os riscos do surgimento de doenças mais difíceis de serem
solucionadas. Outra dica é a busca por alternativas de relaxamento durante as
demais horas do dia, mesmo diante de uma rotina difícil”, completa a
gastroenterologista, que indica, ainda, alimentação saudável de três em três
horas e realização de atividades físicas com acompanhamento profissional, além
da dedicação a projetos pessoais que possibilitem prazer. “Essas são excelentes
maneiras de evitar o estresse e, consequentemente, prevenir os problemas do
tubo digestivo, que impactam diretamente a qualidade de vida de tantas
pessoas”, finaliza.
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