Dia
13 de agosto. Mais um Dia dos Pais que se apresenta. E a cada ano, podemos
notar como muda o exercício da paternidade.
A
Semana Mundial de Aleitamento Materno tem o seguinte tema da WBW (World
Breastfeeding Week da WABA - World Alliance for Breastfeeding Action),
traduzido oficialmente para o português:
Amamentar. Ninguém pode fazer por você. Todos
podem fazer junto com você.
Entre
as ações recomendadas está a compreensão da importância do trabalho conjunto
nas 4 grandes áreas temáticas que são governo, sistemas de saúde, local de
trabalho e a comunidade. E dentro da comunidade, a família tem papel primordial
e, nessa, o pai é figura central nesse apoio.
A influência “cientificamente comprovada” do pai na amamentação
Uma monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá (2005) trouxe resultados que mostraram que “as mães que amamentaram até os seis meses, foram as que durante a entrevista mais confirmaram a participação do pai, durante o período exclusivo do aleitamento materno, o que faz com que possamos concluir que quando o pai se faz participativo durante o período de amamentação, este é o maior e o principal incentivador de uma mulher, contribuindo para o êxito da mesma”.
Um
artigo publicado na Revista Paulista de Pediatria
(2012), faz uma revisão da literatura, entre 1995 a 2010, nas bases de dados
LILACS, SciELO, BDENF e PubMed/MEDLINE e identificou "44 publicações
que mostraram que o apoio social, profissional e familiar foi imprescindível
para o sucesso do aleitamento materno. O pai foi destacado como suporte
fundamental pela forte influência na decisão da mulher em amamentar e na sua
continuidade."
Outro
estudo, publicado na Revista da Faculdade de Ciências
Médicas de Sorocaba (2015), apontou que “o desejo da paternidade e a
satisfação ao presenciar seu filho ser amamentado superaram qualquer
distanciamento físico que o casal pudesse enfrentar após o parto” e “que
os pais que receberam orientações tiveram melhor desempenho junto à mãe no
processo de amamentação, apoiando, participando, incentivando e reconhecendo a
importância do leite materno para seu filho”.
Uma
pesquisa (2016) com 115 mulheres com filhos de dois a
oito meses de idade, demonstrou que “as mulheres reconhecem a importância do
pai como auxiliares e incentivadores do aleitamento materno. E quanto maior o
apoio dos pais, maiores as chances de sucesso no aleitamento materno, segundo
as mulheres. Portanto a participação paterna no processo de aleitamento materno
deve ser incentivada”.
Outro
estudo publicado na revista Cogitare Enfermagem
(2017), buscou “identificar a participação do pai no processo de amamentação
em uma maternidade estadual da região centro-oeste do Brasil. Estar junto da
mulher é a maneira que os pais encontraram para favorecer a amamentação e sua
participação é fundamental para o sucesso desse processo”.
Não basta ser pai. Tem que participar.
Lembram
disso? Foi a frase mais marcante de uma campanha publicitária em 1984. A
participação do pai na família sempre gerou sensações distintas, controversas.
O
provedor, o cuidador, o responsável, o ausente, o que sabe tudo, o que não sabe tanto assim, o que não sabe
nada, não é o que gera, mas sim o que cria.
O
mundo muda. As sociedades mudam com ele. As famílias também estão mudando. Os
papéis se transformam. E o pai se não for acolhido e permitido no processo,
será engolido nessa mudança.
Recentemente,
o que parecia um grande avanço nesse caminho tem se mostrado menos efetivo do
que o esperado, mas não por culpa dos pais.
Em
8 de março de 2.016, a Presidência da República decretou e sancionou a LEI Nº 13.257 que, entre outros assuntos, trata da prorrogação
da licença-maternidade por mais 60 dias totalizando 180 dias) e da licença-paternidade
por mais 15 dias (total de 20 dias), ambos com remuneração integral, para
quem trabalhar em Empresa-Cidadã.
O
que as notícias mostram atualmente é que desde então, até o fim
de 2016, menos de mil empresas novas (cerca de 12% das grandes empresas do
país) aderiram a essa nova lei. De acordo com a OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no Brasil a licença-paternidade
corresponde a 9% da média de tempo dos países desenvolvidos (8 semanas).
Apesar de a Confederação Nacional das Indústrias ser contra essa licença-paternidade, justificando por uma possível diminuição da produtividade, empresas como a Microsoft, Google, Johnson & Johnson, a Natura (40 dias) e o Twitter (140 dias) oferecem mais tempo para os pais.
Vamos
aproveitar o momento (Semana Mundial de Aleitamento Materno, Agosto Dourado,
Dia dos Pais) e fazer valer os direitos adquiridos para que tanto o pai, quanto
a família, quanto a amamentação possam ser beneficiados.
Dr.
Moises Chencinski - CRM-SP:
36.349 - Pediatra e homeopata
Presidente do
Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo
(2016 / 2019)
Membro do
Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
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