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terça-feira, 15 de agosto de 2017

Acidentes em gravações reforçam a importância do gerenciamento de riscos nas produções cinematográficas



Existem consultorias especializadas que podem avaliar a exposição aos riscos e proteger os profissionais envolvidos


Uma dublê morreu nesta segunda-feira (14) durante as gravações do filme Deadpool 2. Ela sofreu um acidente enquanto participava de uma cena em uma motocicleta. O estúdio não divulgou a identidade da vítima. O ator Ryan Renolds, que interpreta o anti-herói lamentou a morte da colega.  

Pouco mais de um mês atrás, o dublê John Bernecker também sofreu um acidente fatal durante as filmagens da série The Walking Dead. Ele caiu de uma altura de sete metros e teve um ferimento sério na cabeça. Depois do acidente, a produção da oitava temporada da série foi adiada.

Além deles, o ator Tom Cruise se machucou durante as gravações do filme Missão Impossível 6. Conhecido por dispensar dublês nas cenas de ação, Tom não conseguiu realizar um salto entre dois prédios. O ator, que estava equipado com cabos de segurança, conseguiu se segurar na beirada do prédio, mas ao se levantar, saiu mancando.

Esse tipo de acontecimento reforça a importância do gerenciamento de riscos nas produções televisivas e cinematográficas. Existem consultorias especializadas que podem avaliar a exposição aos riscos e proteger os profissionais envolvidos. Existem também corretoras de seguros e seguradoras para proteger os produtores dos impactos financeiros que esses acontecimentos podem causar.

Em geral, as produções de Hollywood já contam com esse tipo de proteção. Agora, essa consciência está se desenvolvendo também no cinema nacional.

Em julho entrou em cartaz nos cinemas brasileiros o novo filme protagonizado por Selton Mello: Soundtrack. A obra tem o apoio da consultoria e corretora de seguros Aon. Ao invés de oferecer apenas um apoio financeiro para a realização do filme, a Aon fez um estudo dos riscos envolvidos nas etapas de pré-produção, produção e pós-produção e desenhou o pacote de seguros. A seguradora escolhida foi a Chubb, uma das pioneiras no segmento.

“Nossa primeira preocupação foi entender, em termos gerais, como os diretores pretendiam executar o filme. Precisávamos conhecer o cenário de riscos, a equipe envolvida, equipamentos, objetos cenográficos, condições e locações onde as cenas seriam filmadas. Todo o briefing da produção, desde a pré-produção até a pós-produção”, explica Midiã Borges, especialista em Riscos e Seguros para Entretenimento e Eventos na Aon Brasil.

O desenho do pacote de seguros do filme reuniu coberturas como seguro de acidentes pessoais para a equipe e os prestadores de serviço, morte acidental e por qualquer causa, invalidez permanente total ou parcial, além de assistência médica e odontológica. “Diante de um projeto cinematográfico, do seu gênesis até seu último momento, que é após o seu lançamento, nós estamos sempre administrando riscos”, analisa Julio Uchoa, Produtor Executivo do SoundTrack.

Com o objetivo de dar tranquilidade aos produtores, também foram consideradas outras coberturas importantes que muitos não se atentam na hora da contratação como: o seguro de responsabilidade civil, que cobre reembolso por danos involuntários, materiais e corporais, causados a terceiros, decorrentes de acidentes relacionados com as atividades exercidas para produção e realização da filmagem; o seguro de não comparecimento, que serve para reembolsar os custos de produção caso um artista fundamental, ou até mesmo o diretor do filme, não possa comparecer à gravação em um determinado dia; o seguro designado como suporte, para indenizar o segurado caso algum acidente provoque a perda do HD onde o filme está armazenado; e proteção de equipamentos cinematográficos, para ressarcir o valor de equipamentos de gravação, sonorização e projeção, objetos cenográficos, figurinos ou veículos de cena que por algum motivo sejam danificados durante as filmagens ou até mesmo roubados.

“Proporcionalmente, o custo do seguro é tão barato comparado ao custo da produção cinematográfica, que a exposição aos riscos não compensa, mas ainda é preciso quebrar alguns paradigmas e desenvolver uma cultura de seguros no segmento audiovisual brasileiro. Esse é o nosso papel como consultoria: analisar e cuidar dos riscos dando tranquilidade para os produtores realizarem sua arte”, acredita Midiã.


Acidentes durante gravações resultam no pagamento de grandes indenizações

Infelizmente, acidentes no estúdio são relativamente comuns e podem resultar em ferimentos e fatalidades, multas e indenizações. “Nos Estados Unidos e Europa, poucas produtoras se arriscam a iniciar projetos sem coberturas completas para as mais variadas situações. Com o amadurecimento do cinema nacional, essa percepção também está se desenvolvendo no Brasil”, afirma a especialista em Riscos e Seguros para Entretenimento e Eventos da Aon Brasil.

Algumas das principais empresas cinematográficas do mundo compilaram dados de acidentes em estúdios desde o ano 2.000 até hoje. Ao todo, foram registradas 37 mortes. “Mesmo que a produção seja muito cuidadosa e os riscos extremamente bem gerenciados, acidentes acontecem”, diz Midiã Borges.

De fato, existem diversas histórias públicas de acidentes em grandes produções. Durante a filmagem de Guerra nas Estrelas: O despertar da Força, uma porta hidráulica da nave espacial Millenium Falcon foi fechada no momento errado e quebrou a perna esquerda do ator Harrison Ford. O evento desencadeou uma investigação do departamento de Saúde e Segurança do Reino Unido, que aplicou uma multa de £ 1,6 milhão na produtora do filme. Na época, o responsável pela apuração disse que havia “risco de morte”. Felizmente, Harrison Ford sobreviveu.

O ator britânico Roy Kinnear não teve a mesma sorte na filmagem de O retorno dos Mosqueteiros. Ao filmar uma cena com um cavalo, ele sofreu uma queda, quebrou a bacia, teve uma hemorragia interna e morreu no dia seguinte em um hospital em Madri. A família do ator processou a produtora e recebeu £ 650 mil de indenização.

Durante a gravação de uma sequência de ação para o filme Cyborg, de 1989, o ator Jean-Claude Van Damme acidentalmente acertou o colega Jason Rock Pinckney no olho esquerdo. Pinckney perdeu a visão daquele olho e Van Damme teve que pagar uma indenização de quase US$ 500 mil.

“Na medida em que a indústria amadurece, seus riscos vão se tornando mais complexos. A produção audiovisual brasileira está em transformação e agora precisa desenvolver um olhar de gerenciamento de riscos”, conclui Midiã.





Aon Plc (NYSE: AON)





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