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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

7 mitos sobre a leitura que provam que você lê mais (e melhor) do que imaginava



Idealizadora do Programa "Ler é uma Viagem" conta que não é preciso ler livros todos os meses para ser um “bom leitor”


Segundo a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada em 2016, o brasileiro lê, em média, menos de 5 livros por ano, e 44% da população “não lê”. No entanto, Élida Marques afirma que as pesquisas sobre leitura ainda estão em desenvolvimento no país. “Nem sempre elas dão conta da complexidade que envolve a questão”, afirma. A idealizadora do Programa “Ler é Uma Viagem”, que já impactou mais de 35 mil crianças e 7 mil educadores, conta que a nossa relação com a leitura é muito plural e diversa. “O ato de ler ajuda as pessoas a se encontrarem consigo mesmas e seus processos subjetivos, para se orientar no dia a dia, e até mesmo para se perder e se reinventar”, provoca Élida, que também é mediadora de leitura e questiona a forma como muitas escolas lidam com a leitura no Brasil, bem como a pouca quantidade de bibliotecas e acervos de livros nos espaços públicos.

Mesmo que as pesquisas sobre leitura sejam muito importantes, e sabendo que a prática deva ser estimulada e mais valorizada, Élida Marques propõe um outro olhar sobre ela. Por isso, aponta 7 mitos que devem ser quebrados sobre a leitura.


Mito 1: É preciso ler livros para ser leitor

Um dos mitos muito comum da leitura é de que só é leitor quem lê livros. Segundo Élida Marques, isso não é verdade. Ler revistas, mensagens no Whatsapp, textos das redes sociais, placas do dia a dia e histórias em quadrinhos são leituras tão importantes quanto a de livros. “Atualmente, passamos o dia lendo no celular e não nos damos conta disso”, ressalta, lembrando que há diferenças entre os tipos de leitura, e todos devem ser valorizados. “É importante ler textos mais profundos que as mensagens de celular, mas a ausência deles não faz de alguém um não-leitor”, resume.



Mito 2: Bons leitores leem sempre, o tempo todo

A idealizadora do “Ler é uma Viagem” explica que um dos direitos do leitor é o de não ler. “Uma pessoa, mesmo sendo leitora, pode ficar períodos mais longos sem ler”, conta, destacando que o fato de alguém não querer ler por algum período não significa que a pessoa deixe de ser leitora. 


Mito 3: A linguagem escrita é a melhor de todas

Embora seja essencial para a vida que vivemos atualmente, a leitura não necessariamente precisa ser a forma de linguagem preferida de alguém. Élida explica que não existe uma linguagem melhor que a outra. “Alguns vão se tornar escritores ou grandes leitores, mas não tem problema nenhum em preferir outras formas de linguagem, como audiovisual, teatro, música ou artesanato”, ensina, citando algumas das formas como trabalha a leitura nas Oficinas do “Ler é Uma Viagem”. 


Mito 4: Os leitores precisam amar tudo o que leem

Segundo Élida, nem sempre as pessoas devem apreciar a leitura que fazem, seja de um livro, revista ou uma bula de remédio. “O prazer pela leitura depende do contexto, do momento e de outros fatores”, explica. Desta forma, a leitura nunca é uma experiência fechada, pois está sempre em relação dinâmica com seus suportes e sujeitos.


Mito 5: Todo mundo deveria gostar de ler

Um mito importante sobre a leitura que precisa ser quebrado é o conceito de que todos deveríamos adorar ler, ou que os amantes dos livros são superiores. Élida conta que é preciso parar de pensar assim para darmos um passo na forma de encarar a leitura. “Todos nós temos o direito ao acesso à leitura e às vivências no universo concreto e simbólico que ela oferece, mas cada um deve definir se gosta ou não”, conta. “É triste que tenham pessoas que sequer tiveram a oportunidade de se descobrirem leitoras”, pondera.


Mito 6: É necessário ler livros clássicos

Ninguém é obrigado a ler com frequência, sequer a ler um livro inteiro, e muito menos a ler clássicos. “Alguns clássicos são ensinados nas escolas porque fazem parte do conteúdo de formação da nossa literatura, mas isso não significa que a prática leitora precise estar atrelada ao acompanhamento destas obras”, conta Élida.


Mito 7: As pessoas devem produzir algo depois de uma leitura

Por fim, a idealizadora do Programa “Ler é Uma Viagem” desfaz um outro mito: o de que é necessário fazer algo após uma leitura. “O ato de ler já é uma experiência que vale por si própria, então não é preciso produzir alguma coisa após terminar de ler qualquer obra”, explica. “Temos o direito de ler e nos calar”.


Ler é uma Viagem

O Ler é uma Viagem é um programa de incentivo à leitura que, desde 2003, desenvolve sessões de leitura com música ao vivo para estimular o prazer da descoberta do texto entre crianças, jovens e adultos de todo o Brasil. Através de projetos temáticos patrocinados (Hans Christian Andersen, Guimarães Rosa, e agora, Dom Quixote), já realizou mais de 600 apresentações, atingiu mais de 7.000 professores e mais de 35.000 estudantes em escolas e bibliotecas públicas. 

O Programa apresenta-se em diversos formatos, mas sempre pensados a partir do conceito intimista de uma sessão de leitura compartilhada entre, no máximo, 60 pessoas. "O programa oferece um ambiente de imersão nos textos que estimula a escuta, a identificação, a criatividade e também possibilita que os professores compartilhem ferramentas pedagógicas para dar continuidade à experiência com os alunos depois, em sala de aula", explica a idealizadora Élida Marques. Neste ano o programa inaugurou uma Sala de Leituras em Itu/SP, cidade sede do Ler é Uma Viagem, desde 2009.




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