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quarta-feira, 21 de junho de 2017

Sem paciência: A agressividade momentânea pode ser um transtorno de humor grave?



O psiquiatra e pesquisador do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas (GRUDA) do Hospital das Clínicas da USP, Dr. Diego Tavares, conta que a irritabilidade ou agressividade persistentes não são normais. E conta como diferenciar o ”pavio-curto” de uma doença que precisa ser tratada.
“Geralmente a irritabilidade é um sintoma patológico que ocorre em indivíduos com depressão. É comum entre os pacientes com depressão predominar alterações de humor do campo da irritabilidade: ficarem mais irritados, ranzinzas, 'chatos', pessimistas, querendo ficar isolados. Já a agressividade, um estado de humor muitas vezes confundido com irritabilidade, é diferente. Cursa com um estado de humor que tende a raiva, briga, impaciência, intolerância e ”pavio-curto” e quando estado de humor volta de tempos  em tempos, isso pode sugerir alguma alteração de humor do espectro da bipolaridade".
Mas como diferenciar de um temperamento mais briguento e querelante? O médico continua: "O temperamento é o componente emocional da personalidade. Normalmente é estável, isto é, ocorre com regularidade, sem picos como o transtorno do humor e não causa prejuízos e perdas à pessoa". 
Os estudos científicos já investigaram isso e mostram que a maior parte dos cônjuges casados com um parceiro que depois recebeu o diagnóstico de bipolaridade afirmam que não teriam se casado se tivessem a noção do quanto as oscilações do humor do transtorno bipolar podem ser devastadoras para a relação.
 
“Se o portador de bipolaridade aceitar que tem um transtorno do humor e se comprometer com o tratamento, que envolve psicoterapia e estabilizadores de humor, é possível ter uma vida menos conturbada e sem crises mas do contrário infelizmente as relações sociais e de relacionamento não vão pra frente porque por mais que a doença dê uma acalmada de vez em quando, sem tratamento ela sempre volta e a pessoa acaba descontando irritabilidade, impaciência e grosseria no parceiro ou em outras pessoas que estiverem por perto. O que acontece é que a maioria dos parceiros acha que um pouco disso é da personalidade e que com o tempo o amor vai vencer e a pessoa vai mudar e se tornar mais calma e amorosa. Mas, isso é ilusão! Quando se trata mesmo de um transtorno do humor não melhora, volta mais tarde e às vezes pior”, complementa Dr. Diego Tavares. 
Aceitar coisas como um transtorno do humor requer muita humildade, mas ao mesmo tempo significa que os afetados não são más pessoas, que muitos daqueles comportamentos são produzidos por um estado de humor alterado. 




FONTE: Dr. Diego Tavares - Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina de Botucatu - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB-UNESP) em 2010 e residência médica em Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPQ-HC-FMUSP) em 2013. Psiquiatra Pesquisador do Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) e do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação e Estimulação Magnética Transcraniana (SIN-EMT) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPQ-HC-FMUSP) e coordenador do Ambulatório do Programa de Transtornos Afetivos do ABC (PRTOAB).





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