Medidas simples melhoram a resposta imunológica
e ajudam a prevenir contra gripes e resfriados.
O
inverno é uma época que divide opiniões: alguns amam o frio, outros detestam.
Porém, preferências à parte, todos possuem uma preocupação em comum: as doenças
típicas dessa estação. Nesse período, vários fatores deixam o organismo mais
vulnerável a gripes, resfriados e outros problemas respiratórios. E como podem
atrapalhar significativamente a rotina e, até mesmo, deixar alguém “de cama”,
não faltam receitas caseiras para “curar” esses males. De acordo com a
sabedoria popular, chás, sopas e canjas não podem faltar no cardápio de quem
enfrenta esses incômodos. Porém, se tais pratos já fazem parte do cardápio
habitual do inverno, porque é tão comum sermos pegos por essas doenças
justamente nessa época do ano? De acordo com especialistas, alguns alimentos
são, de fato, fortes aliados na prevenção de gripes e resfriados. Porém, para
alcançar tal benefício, é preciso inseri-los corretamente na dieta. Portanto,
se você quer saber como fortalecer sua imunidade e afastar esses males, veja
agora no que apostar.
Porque adoecemos mais no inverno?
Embora
gripes e resfriados sejam causados por vírus e não, necessariamente, pelas
baixas temperaturas, a friagem faz com que frequentemos lugares mais
aglomerados, aumentando as chances de contaminação. Em busca de ambientes mais
aconchegantes e quentinhos, costumamos manter portas e janelas fechadas,
impedindo a circulação de ar e propiciando o acúmulo de agentes nocivos. Devido
às condições climáticas da estação, o ar também é mais seco, facilitando a
proliferação de microrganismos. Todos esses fatores fazem com que tenhamos mais
contato os principais causadores de infecções respiratórias.
Além
disso, por incrível que pareça, existe outro agravante: a alimentação desequilibrada.
De acordo com a nutricionista Joanna Carollo, as refeições fartas do inverno
não propiciam somente o ganho de peso, mas também podem dificultar o combate a
doenças “Nessa época do ano, as pessoas estão mais propensas a cometer exageros
na mesa, principalmente em relação à ingestão de açúcar, gorduras trans e
carboidratos refinados. O problema não está somente no alto valor calórico
dessas refeições, mas também na falta de nutrientes e na capacidade que muitos
desses alimentos têm de aumentar a inflamação do organismo, dificultando a
resposta imunológica”.
Imunomoduladores
De
acordo com a profissional da Nova
Nutrii, como estamos mais expostos a patógenos nesse período do ano, a
alimentação deve, justamente, suprir os elementos essenciais às células de
defesa do organismo “Alguns nutrientes, em especial, são capazes de estimular o
sistema imunológico, melhorando sua resposta, são os chamados imunomodulares.
Seguir uma dieta rica nesses nutrientes fortalece o organismo, deixando-o mais
preparado para reagir diante de qualquer ameaça”. Eles ajudam, dentre outras
coisas, na formação e atuação dos anticorpos, células responsáveis por frear a
ação de vírus e bactérias no organismo. Além disso, são ricos em antioxidantes
que, por sua vez, inibem outro grande inimigo da imunidade: os radicais livres
– substâncias que prejudicam a integridade das células e desencadeiam doenças.
Diante disso, a nutricionista destaca alguns desses nutrientes e onde
encontrá-los:
Afastando infecções – vitamina A
Dentre
os órgãos que compõem o complexo sistema imunológico, as mucosas exercem um
papel primordial: esses tecidos (presentes em regiões como o aparelho
gastrointestinal e respiratório, por exemplo) são uma das primeiras barreiras
que o corpo possui contra invasores. Neste âmbito, a vitamina A é fundamental:
ela ajuda a produzir muco e manter essas estruturas íntegras, facilitando o
trabalho das células de defesa. Este nutriente também é relevante na
fagocitose, um processo da resposta imune que isola o microrganismo invasor,
exterminando-o. A carência dessa vitamina esta relacionada, inclusive, a
infecções de repetição. Fontes
do nutriente: “Alimentos de coloração amarelo alaranjada como a
cenoura, o mamão, a manga, o pêssego e o caqui são ricos em vitamina A. O
nutriente também está presente no alho, cravo da índia, espinafre e vegetais
folhosos verde-escuros”.
Ampliando o contingente – Vitamina B6
A
piridoxina, também conhecida como Vitamina B6 é capaz, dentre outras coisas de
aumentar o número de linfócitos – essas células são fundamentais para resposta
imune, pois agem como verdadeiros “vigias”. São elas as responsáveis por
reconhecer agentes infecciosos e, partir daí, alertar todo o organismo,
acionando uma reação adequada para aquele patógeno. Fontes do nutriente:
“O bife de fígado é uma das melhores fontes de vitamina B6, porém também é
possível encontrar o nutriente em cereais como o levedo de cerveja, arroz
integral e gérmen de trigo. Peixes como o atum e o salmão também são boas
alternativas, pois, além do nutriente, possuem Ômega 3, um ácido graxo famoso
por seu poder antioxidante”
Aumentando a resistência a inflamações – Vitamina C
Não
é a toa que esse nutriente é um dos mais falados quanto o assunto é gripe: o
ácido ascórbico, nome “químico” da vitamina C, auxilia na proliferação dos
glóbulos brancos – células que utilizam a corrente sanguínea para monitorar o
corpo, procurando sinais de invasores. Por facilitar a proliferação de
anticorpos, seu aporte adequado aumenta a resistência a inflamações. Além
disso, por também ser um antioxidante, combate a ação prejudicial dos radicais
livres. Fontes do
nutriente: “Frutas cítricas como o kiwi, acerola, o limão e a
famosa laranja. Porém, existem fontes além das frutas como a couve, o brócolis,
o agrião e, até mesmo, o pimentão”.
Combo de proteção - Selênio
Embora
diversos minerais estejam relacionados ao fortalecimento da imunidade, o
selênio merece destaque: o nutriente ajuda a desintoxicar o organismo e possui
uma potente ação imuno-moduladora,
em especial de caráter anti-inflamatório e antiviral. Antioxidante, o nutriente
também protege contra a degradação celular provocada por radicais livres. Fontes do nutriente: “Castanha
do Pará, sementes de girassol, cereais integrais e o tradicional arroz com
feijão. Também pode ser encontrado nas proteínas animais como frutos do mar,
carne de frango, de porco e, até mesmo, na gema do ovo”.
Adoeci, e agora?
Alho,
mel e limão; cravo e gengibre; a famosa canja da vovó... Quem nunca recorreu às
receitas caseiras na hora de tratar a gripe ou resfriado? Porém, você sabia que
esses alimentos não possuem o poder de “curar” esses males como a sabedoria
popular diz. Conforme explica Joanna, muitos desses ingredientes famosos
possuem, de fato, imunonutrientes, contudo, quando ingeridos somente no período
de infecções colaboram mais para o alívio dos sintomas do que para recuperação
“Tais elementos são capazes de diminuir os desconfortos causados pela congestão
nasal, dores no corpo e estados febris, por exemplo. Porém, não são tão
eficazes na resposta imune quando o organismo já se encontra debilitado. Quando
o indivíduo já está doente, o mais adequado é fazer uma alimentação que
forneça, além dos nutrientes, energia para que o corpo possa reagir
naturalmente. Nesse momento, a dieta pode servir como complemento ao
tratamento, não como única via”.
De
acordo com Carollo, o ideal é apostar em preparos que facilitem a ingestão dos
alimentos, uma vez que dores de garganta, redução do olfato e, até mesmo perda
do apetite podem prejudicar as refeições. “Ficar sem se alimentar pode
comprometer ainda mais o estado do indivíduo. E como muitos podem apresentar
dificuldade para se alimentar nesse período, o recomendado é fazer refeições
leves, porém, ricas em ingredientes saudáveis e de fácil digestão”– daí a fama
de chás, sopas e caldos E se você pensou no famoso suco de laranja, a receita
também não é, exatamente, milagrosa “Embora muito famosa quando se trata de
gripes e resfriados, a ingestão de vitamina C também deve ser preventiva e não
curativa. Inclusive, o popular suco de laranja só é uma boa fonte do nutriente
quando é bebido logo após o preparo. Como essa vitamina oxida muito rápido, a
bebida deve ser consumida fresca para que forneça os benefícios”.
Idosos devem redobrar os cuidados
A
preocupação com as doenças típicas do inverno deve ser ainda maior na terceira
idade, pois, por já possuírem uma saúde mais frágil, idosos são mais
vulneráveis às complicações dos resfriados e, sobretudo, gripes. Como
muitos já enfrentam problemas crônicos e restrições alimentares, é preciso
ficar atento à quais alimentos imunomodulares podem fazer parte do cardápio. A dieta
mais limitada também os deixa mais suscetíveis a deficiências nutricionais, o
que pode prejudicar ainda mais a resposta imunológica. Portanto, embora gripes
e resfriados sejam, em geral, infecções brandas, aqueles que já passaram da
casa dos 60 devem redobrar os cuidados para prevenir e, sobretudo, tratar esses
males, caso eles surjam. Nessa etapa, além do cardápio variado (adaptado às
condições da dieta), imunização e acompanhamento médico são sempre medidas
indispensáveis.
Fonte: Nova Nutrii
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