Primeiros
sintomas da doença aparecem entre os 20 e 40 anos; porém, ainda falta
informação para identificá-los
A Esclerose Múltipla é uma doença crônica,
autominune, degenerativa e sem cura, que afeta o sistema nervoso central e atinge
cerca de 35 mil pessoas no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Esclerose
Múltipla – ABEM. Entre os diagnosticados, três em cada quatro são mulheres. O
mais preocupante é que quando se fala sobre doenças predominantes na população
feminina, a incidência da esclerose múltipla é pouco abordada.
As primeiras manifestações acontecem na fase em que
a mulher está mais ativa e produtiva, entre os 20 e 40 anos¹. O grande desafio
é diagnosticar precocemente este distúrbio neurológico, já que os sintomas são
pouco específicos.
A esclerose múltipla se apresenta sob duas formas,
a mais predominante, a remitente recorrente, ocorrendo em torno de 70 a 80% dos
casos, caracteriza-se por exacerbações seguidas por melhora parcial ou total
dos sintomas². A outra forma, menos prevalente, porém tão ou igualmente
devastadora, é a forma progressiva, onde o paciente não apresenta surtos, mas
uma progressão constante ao longo do tempo.
O motivo da doença atingir às mulheres com mais
frequência, vem sendo analisado há anos. Estudos baseados nos sintomas
relatados por mulheres durante o período menstrual, gravidez e menopausa
evidenciaram que os hormônios sexuais têm relação com a doença. Além disso,
pesquisadores mostraram que as mulheres apresentam menos vitamina D do que os
homens, o que explicaria a incidência aumentada nessa população.
Para Dr. Fernando Figueira, chefe da neurologia do
Hospital São Francisco na Providência de Deus, no Rio de Janeiro, ainda faltam
argumentos científicos que expliquem os altos números entre as mulheres, mas a
grande preocupação ainda está na detecção da doença. “Quando os primeiros
sintomas aparecem, muitos pacientes confundem com estresse e indisposição. No
caso das mulheres, a hipótese são as oscilações hormonais, o que dificulta o
diagnóstico e o início do tratamento”, explica Dr. Figueira.
Entenda a EM
No mundo, há pelo menos 2,5 milhões de pacientes
com esclerose múltipla, doença que atinge sistema nervoso central, causando
lesões na comunicação entre o cérebro e o corpo. O distúrbio se manifesta de
formas diferentes, dependendo de onde estão as lesões, que são aleatórias e ao
acaso, causando diversos sintomas. Entre eles a perda ou borramento da visão,
dores, fadiga e comprometimento da coordenação motora e locomoção.
De acordo com Dr. Figueira, estes surtos acontecem
de acordo com a gravidade da doença. “Há pessoas que demoram muito tempo para
apresentar sintomas, outras buscam investigar quando há uma recorrência e até
uma sequela. O ideal é que ao sentir que algo está diferente, procure fazer um
‘check
up’ e, se os sintomas persistirem, um neurologista”. A
esclerose múltipla é diagnosticada apenas com a ressonância magnética; porém,
os sintomas não acusam alterações em exames de rotina, como análises do sangue
e ultrassons.
Alguns dos sintomas mais comuns da doença são
confundidos facilmente, por isso, eles podem e devem ser investigados. São
eles:
Dificuldades motoras
Uma das manifestações mais comuns é a dificuldade
motora, que vai desde a dificuldade em fazer movimentos rápidos, problemas de
coordenação e até fadigas musculares. Muitos portadores chegam a ter as
extremidades, como braço ou pernas, totalmente paralisadas.
Alterações sensoriais
Os distúrbios sensoriais como sentir dormência ou
sensações de aperto, podem ser confundidos com estresse ou ainda com uma lesão
muscular decorrente de exercício físico ou mau jeito dado ao longo do
dia.
Visão turva
As alterações no nervo óptico, o responsável por
encaminhar a informação visual para o cérebro, também podem ser ocasionadas
pela esclerose múltipla e provocar diversos sintomas no paciente como visão
turva, ponto cego, até dores nos olhos e perda da visão por um curto
período.
Incontinência urinária
Quando a esclerose múltipla afeta a comunicação da
bexiga com o cérebro, é comum que o portador não sinta vontade de ir ao
banheiro e acabe com um quadro de incontinência urinária.
É importante ressaltar que, apesar
da esclerose múltipla ser uma doença degenerativa e sem cura, é possível
controlar a doença e, até mesmo, diminuir sua progressão. “Há esperança para o
paciente viver normalmente, mesmo após o diagnóstico, com direito à viagens,
carreira, gravidez e amamentação, por exemplo, por isto a necessidade de um
diagnóstico precoce e adequado tratamento”, reforça o especialista.
Referências:
¹ -
European Multiple Sclerosis Platform. MS – Fact Sheet 2013. Disponível em: http://www.emsp.org/projects/ms-barometer/
² -
Recomendações Esclerose Múltipla Academia Brasileira de Neurologia – 2012
http://formsus.datasus.gov.br/novoimgarq/14491/2240628_109700.pdf
http://formsus.datasus.gov.br/novoimgarq/14491/2240628_109700.pdf
Roche
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