O
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) apresenta informações
sobre novidades que reforçam o combate ao problema.
Considerada o principal
problema de saúde bucal do Brasil, a cárie atinge metade da população com até
12 anos de idade, segundo dados do Ministério da Saúde. O mal é responsável
também por uma procura constante para restaurações entre jovens e adultos. Apesar
dos avanços, o tratamento continua associado a procedimentos incômodos. Mas a
verdade é que se livrar da doença não precisa mais ser sinônimo de medo da
cadeira do cirurgião-dentista. Para desmistificar o assunto o CROSP traz
algumas técnicas já implementadas e novidades em pesquisas e estudos.
Hoje, o tratamento mais
comum da cárie é aquele que consiste na remoção da parte deteriorada com o uso
de uma broca que gira até 400 mil vezes por minuto, gerando o temido barulho.
Depois desta etapa, a área é preenchida com materiais como a resina e a
porcelana. No passado as ligas de prata e de ouro também eram utilizadas como
preenchedores.
No entanto, em casos mais
graves, o procedimento nem sempre é efetivo e por isso o cirurgião-dentista
realiza o tratamento de canal. O paciente precisa ser submetido à anestesia,
para que o profissional faça a remoção da polpa dentária e obturação. Em
algumas circunstâncias é necessário colocar um pino na raiz para dar
sustentação.
As técnicas relatadas são
utilizadas há décadas, mas hoje já se sabe que novas tecnologias podem
facilitar o atendimento. Pesquisadores da King’sCollege, em Londres, por
exemplo, criaram um dispositivo que capta o barulho feito pela broca e emite
uma onda sonora contrária, acabando com o ruído.
Outra recente pesquisa
publicada por cientistas da King'sCollege de Londres, que ganhou o noticiário
mundial, apresentou uma substância com potencial para aumentar a capacidade de
regeneração natural dos dentes. O teste foi aplicado em ratos com resultados
altamente positivos, mas ainda é cedo para determinar quando o produto poderá
ser utilizado pelos cirurgiões-dentistas no tratamento da cárie em humanos. (*)
No Brasil, pesquisadores
do Centro Nacional de Pesquisas Estratégicas do Nordeste (Cetene) em conjunto
com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) descobriram um procedimento
contra as bactérias causadoras da cárie. Um material feito de micropartículas
de prata, em quantidade muito menor do que a utilizada em produtos
odontológicos já comercializados, é aplicado diretamente no dente, agindo por
cerca de cinco minutos.
O material penetra nos
túbulos dentários liberando as pequenas partículas aos poucos. Durante o
estudo, os cientistas constataram que com uma única aplicação na região foi
possível paralisar até dois terços dos casos de cárie mais brandos.
Pesquisas que apontam
formas de ampliar a capacidade regenerativa dos dentes são altamente
importantes para a saúde, uma vez que a cárie é uma das doenças bucais que mais
afetam as pessoas no mundo.
Como
a cárie acontece
A
cárie é a deterioração do dente causada, principalmente, por fatores externos
como a má alimentação (excesso de açúcar e corantes) e a falta de higiene
correta. A hereditariedade também pode ter alguma influência.
Além
de causar dor, quando não tratada, a cárie pode atingir a polpa do dente
resultando em abscesso que só será resolvido com tratamento do canal, cirurgia
ou até extração do dente.
A
cavidade bucal é cheia de microrganismos. Quando há um consumo excessivo de
carboidratos, bactérias proliferam produzindo ácidos orgânicos que reduzem o PH
da boca. Esse processo provoca a desmineralização e a dissolução do fosfato de
cálcio das camadas superficiais do esmalte do dente, o que pode levar a
destruição da coroa dentária, originando a cárie.
Tipos
de cárie
Existem
três tipos de cárie. A primeira e, mais comum, é a coronária. Ela aparece na
parte superficial do dente e é mais frequente nas crianças.
Já
a radicular ocorre por conta do próprio envelhecimento que, causa a retração
gengival e, por consequência, a exposição da raiz do dente. Sendo assim, essa
parte sensível fica suscetível a deterioração mais rapidamente.
Outro
tipo de cárie é a recorrente. Essa acontece em volta de restaurações que tendem
a acumular placa bacteriana. Esse cenário é propício para a deterioração do
dente.
Cárie
é transmissível?
A cárie é uma doença
complexa causada por um desequilíbrio entre a parte mineral e o chamado
biofilme: estruturas organizadas de bactérias que podem se proliferar em forma
liquida ou sólida.
Um ponto fundamental para
entender o processo é o fato de que a cárie é induzida por microorganismos, mas
somente pelas bactérias conhecidas como endógenas, ou seja: que já habitam o
organismo. Assim, o conjunto de microorganismos que reside na boca
(microbiota) que forma o biofilme varia de pessoa para pessoa.
É possível concluir então
que a cárie, apesar de ser causada por bactérias, não pode ser transmitida. O
desequilíbrio entre a formação do biofilme (bactérias endógenas) e a
suscetibilidade da parte mineralizada dos dentes são fatores fundamentais no
desenvolvimento da cárie.
Como
prevenir
A
melhor maneira de prevenir a cárie é fazendo a higiene correta da boca. Isso
inclui o uso de creme dental com flúor, escova de dente, fio dental e
enxaguante bucal. Além de utilizar esses itens todos os dias, é necessário
visitar regularmente o cirurgião-dentista. Este é o profissional que poderá
prestar as orientações corretas para manter a saúde bucal.
Outra
forma de prevenção é evitar o consumo excessivo e frequente de substâncias como
o açúcar e o amido, pois favorecem a proliferação de bactérias que causam o
ambiente propício a cárie.
Importante
salientar que no Brasil as águas de abastecimento público contêm flúor em
níveis ideais para a prevenção da cárie. Em 2015, o CROSP em parceria com o
Centro Colaborador do Ministério da Saúde em Vigilância da Saúde Bucal
(CECOL/USP) e o Laboratório de Bioquímica da Faculdade de Odontologia de
Piracicaba da Universidade de Campinas (FOP/UNICAMP) apresentou uma das maiores
pesquisas de fluoretação já realizados no mundo.
À
época foram coletadas amostras de água de quase todas as cidades do Estado e o
resultado apontou que quase 30% delas apresentavam concentração de flúor fora
do padrão estabelecido pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
Novidades
tecnológicas para o tratamento da cárie e ações públicas de prevenção têm
grande importância, mas os cuidados com a higiene e a alimentação ainda são a
melhor maneira de manter a saúde bucal.
(*) Detalhes
do estudo que menciona o uso de uma esponja biodegradável, embebida pela
substância capaz de estimular as células da polpa dental a cobrir os buracos do
dente podem ser conferidos na revista científica "ScientificaReports"
(http://www.nature.com/articles/srep39654).
CROSP – O Conselho
Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)
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