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terça-feira, 16 de agosto de 2016

Três em cada quatro idosos têm alguma doença crônica



 
Ações preventivas e de recuperação que preservem a autonomia do idoso devem ser o foco dos cuidados com a saúde da terceira idade



Três em cada quatro idosos têm alguma doença crônica segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O detalhe é que boa parte dessas enfermidades são incuráveis, destaca o médico do Pronto-Socorro (PS) do Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, André Scariot. Ações preventivas e de recuperação que preservem a autonomia da pessoa idosa devem estar no foco dos cuidados com a saúde da população da terceira idade. O PS Delphina Aziz é uma unidade da Secretaria Estadual de Saúde (Susam) administrada pelo Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (Imed), uma organização social sem fins lucrativos.

As dez doenças que mais acometem o brasileiro segundo o último senso populacional são: infarto agudo do miocárdio (11,8%), acidente vascular cerebral (9,9%), diabetes melitus (5,9%), doenças pulmonares obstrutivas crônicas (5,6%), doenças demenciais (4,2%), perda de audição (3,3%), insuficiência cardíaca devido hipertensão (3,3%), pneumonia (2,7%), artroses (2,6%) e catarata (2,2%).


O médico destaca que as patologias que mais levam os idosos à morte podem ser divididas em cinco grandes grupos: doenças cardiovasculares (42,3%) - que compõem infarto, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e sequelas, todas com proporções parecidas -, seguidas das neoplásicas (17,2%); das respiratórias (15,4%), que são as pneumonias e doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOCs); das doenças do sistema nervoso (9,4%), como demências; e as causas externas (5,6%) - principalmente quedas e acidentes domésticos.

Prevenção
“A maioria das doenças mencionadas pode ser prevenida e/ou adiada com um estilo de vida saudável e tratamentos adequados, mas geralmente não é possível evitar completamente a doença. Uma vez que a pessoa tenha, ela vai acompanhá-lo até o fim da vida. Neste contexto, é importante privilegiar ações preventivas e de tratamento e recuperação que preservem a autonomia da pessoa idosa, ou seja, que permitam à pessoa continuar desempenhando suas atividades sem depender da ajuda dos outros”, destaca Scariot.

De maneira geral, todas as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como hipertensão, diabetes mellitus e hiperlipidemias, estão relacionadas aos hábitos adquiridos ao longo da vida. Por isso, é preciso lembrar que mesmo na correria do dia a dia, devemos procurar comer de forma adequada, evitar alimentos industrializados, bem como o consumo de tabaco e bebidas alcoólicas em excesso. Além disso, o ideal é praticar regularmente exercícios físicos. O hábito aumenta os fatores que proporcionam melhor qualidade de vida e reduzem as chances do surgimento de doenças.

“A condição de nutrição é um aspecto importante na terceira idade, visto que os idosos apresentam condições peculiares que comprometem seu estado nutricional. Alguns desses condicionantes ocorrem devido às alterações fisiológicas do próprio envelhecimento, enquanto que outros são acarretados pelas enfermidades presentes e pelas práticas ao longo da vida, como o fumo, dieta inadequada e a inatividade física, além da situação socioeconômica”, ressalta o médico.

A manutenção de um estado nutricional adequado é muito importante, pois de um lado encontra-se o baixo-peso, que aumenta o risco de infecções e mortalidade, e do outro o sobrepeso, que aumenta o risco das DCNT.

Outras doenças que acometem os idosos, tais como as causas externas, dependem de que os idosos sejam acompanhados continuamente por seus cuidadores e da adequação dos ambientes para que aqueles com dificuldades de locomoção, equilíbrio, entre outros, a fim de que seja minimizado o risco de acidentes.

Tratamento
O processo de envelhecimento impacta no comportamento orgânico, demandando abordagens diferenciadas, assim como crianças e jovens apresentam especificidades que são tratadas pelo pediatra, para a terceira idade existe o médico especializado em idosos: são os geriatras.

Além de lidar com doenças como as demências, a hipertensão arterial, o diabetes e a osteoporose, o geriatra também trata problemas com múltiplas causas, como tonturas, incontinência urinária e tendência à quedas. Ele também fornece cuidados paliativos aos pacientes portadores de doenças sem possibilidade de cura.

Frequentemente atua em conjunto com uma equipe multidisciplinar, como na avaliação de tratamentos adequados e daqueles que trazem riscos e/ou interações indesejadas.
“Além disso, há um grande número de idosos, com capacidade cognitiva reduzida e capacidade de cuidar de si muito deteriorada, dependendo a maior parte do tempo de terceiros para todas as suas atividades, principalmente pela incapacidade decorrente de doenças prévias. Esse grupo requer um cuidador que remeta os mesmos cuidados de mães aos recém-nascidos, tendo em vista a impossibilidade destes em realizar sozinhos muitas ações do seu dia-a-dia, ou em alguns casos, todas as ações”, disse Scariot.

Esses pacientes requerem cuidados especiais e acompanhamento médico constante, principalmente devido à necessidade de suporte medicamentoso e nutricional adequado e/ou presença de muitos dispositivos invasivos que podem estar em uso, como por exemplo sondas para alimentação ou para urinar. Esses dispositivos têm tempo limitado para permanecer no corpo e caso utilizados de maneira incorreta trazem mais prejuízos do que benefícios.


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