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terça-feira, 26 de julho de 2016

Discalculia: Diagnóstico precoce diminui a probabilidade de insucesso escolar




A professora especialista em linguística e franqueada da rede Tutores em Uberlândia (MG), explica como diagnosticar e ajudar a tratar a discalculia fazendo com que a criança se desenvolva melhor com os números

Causada por má formação neurológica, a discalculia pode ser descoberta logo nos primeiros anos de vida através da trajetória de aprendizagem e do desenvolvimento da criança com relação à tudo que está relacionado aos números. Mas é preciso ficar atento, pois nem todas as crianças gostam de contas e existe uma grande diferença entre quem acha matemática chata e difícil e quem sofre de um distúrbio. A professora especialista em linguística e franqueada da rede Tutores em Uberlândia (MG), Juliana Reis, explica como tratar e amenizar a discalculia, fazendo com que a criança passe pela vida escolar da maneira menos traumática possível. 

“Muitas vezes uma criança diagnosticada com discalculia é tratada como quem tem dificuldades gerais de aprendizagem, moderada, grave ou profunda. É difícil diagnosticar o distúrbio, pois nem sempre é visto como uma condição separada. O profissional deve sempre fazer orientações gerais sobre as dificuldades matemáticas e, a partir daí, planejar as intervenções pedagógicas necessárias. Só é possível perceber traços de discalculia a partir da maturação neurológica compatíveis com a demanda matemática da fase em que a criança se encontra. Não se trata de um distúrbio que se percebe da noite para o dia.”, explica a especialista.

Entre os sinais característicos de um aluno discalculico estão: a dificuldade em realizar cálculos simples como adição; em resolver problemas matemáticos; substituir ou reverter números por outro (6-9 / 2-5); alinhar mal os símbolos; com o uso dos pontos decimais; ler e escrever os símbolos matemáticos (=/ ÷) e de avaliação e organização visuespacial. Também é comum ter confusão em procedimentos aritméticos (adição, subtração e multiplicação); dificuldade na linguagem matemática e sua relação com os símbolos (subtrair, retirar, deduzir, menos etc.); escrever os símbolos e dígitos necessários para os cálculos e em separar o concreto do abstrato.

Uma vez que a criança foi diagnosticada com discalculia, todas as pessoas de seu convívio devem ajudá-la e existem métodos para isso. O professor deve assegurar-se que as habilidades para um bom estudo estejam estabelecidas, para que não haja problemas com os conteúdos subseqüentes. Um bom ensino, uma aula bem preparada e intervenções mais específicas ajudam alunos com discalculia. Ao ensinar a classe ou um grupo de alunos é importante que o professor se certifique que o aluno discalculico esteja prestando atenção, que as explicações estejam divididas em pequenas etapas, sem que se pareçam distintas, isso porque o aluno precisa compreender o contexto geral de determinado assunto. A utilização de jogos ajuda a reduzir a ansiedade e permite que o aluno relaxe, e, portanto, preste mais atenção. Mas se a ansiedade for muito grande, um acompanhamento individual ajuda a garantir o sucesso escolar, reduzindo assim o estresse ou a ansiedade em relação à matemática e ajudando o aluno a progredir em seu próprio ritmo.

Além disso, o professor deve sempre que possível tornar o trabalho relevante e significativo e mostrar vínculos com os interesses e passatempos do aluno para motivá-lo. Abordagens multissensoriais (estilo visual, auditivo e sinestésico) também podem facilitar a aprendizagem.

“A família e escola devem tratar o problema de maneira muito tranquila. Os pais devem estar atentos frente às avaliações escolares com resultados insatisfatórios e dialogar com a criança sem desespero. Muitos pais se sentem culpados, acham que podem ter feito alguma coisa errada ou não terem feito o suficiente, mas não devem pensar dessa forma, pois a criança precisa se sentir segura para conseguir e seguir o tratamento”, complementa Juliana.

Ao perceber algo de errado em seu filho, a primeira coisa que ao pais devem fazer é procurar um profissional para um diagnóstico. Geralmente esses diagnósticos são uma descrição do atual estágio de desenvolvimento. Depois os pais precisam se certificar que seu filho esteja recebendo o tratamento adequado, assim a possibilidade de desenvolvimento da capacidade matemática será grande. “A escola deve informar como será feito o trabalho com essa criança e caso ela seja acompanhado por um professor de maneira individual, esse também deve indicar como será feito o trabalho e se já teve alunos com essas dificuldades. Como as crianças estão em constante desenvolvimento, é muito comum que as dificuldades que existiram no ano anterior sejam minimizadas ou desaparecidas, no entanto alguma delas pode permanecer de forma suave em toda a vida adulta.”

Os pais também podem ajudar seus filhos em situações práticas, como pagar com dinheiro em uma loja, receber troco, etc. Alguns jogos de tabuleiros podem garantir horas de diversão em família e ainda estimular a criança nos requisitos matemáticos, mas o cuidado deve ser redobrado, a criança não pode se sentir pressionada e sim, desafiada. O momento precisa ser de lazer e não de sofrimento.

Existem diversos tipos de discalculia, entre elas a verbal, que trata-se da resistência em nomear números, termos e símbolos, a léxica, que diz respeito aos problemas em ler os símbolos matemáticos e a practognóstica, relacionada à dificuldade para enumerar, comparar ou manipular objetos ou imagens matemáticas. A criança também pode ter problemas para escrever símbolos matemáticos, o que se caracteriza como discalculia gráfica, ou para mentalizar operações e compreender conceitos matemáticos, o chamado discalculia ideognóstica.

De acordo com a franqueada da Tutores, a discalculia de maneira geral pode ser tratada e curada ou ao menos amenizada. Portanto o insucesso escolar está mais ligado à não intervenção e a maneira com que a pessoa vai lidar com essa dificuldade nos anos escolares do que a discalculia. Serão necessárias algumas estratégias para aprender ou gravar determinados conhecimentos, geralmente as dificuldades de aprendizagem começam a aparecer na fase de alfabetização e quando feito o diagnóstico ainda na fase inicial e assegurado que os conteúdos anuais sejam trabalhados, a criança consegue passar pela vida escolar de maneira não traumática.


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